Governo dos Açores rejeita críticas dos ambientalistas à nova legislação da caça
10 de nov. de 2017, 15:04
— LUSA/AO online
“A
proposta é credível, teve em conta o conhecimento científico, cumprindo
as regras nacionais e internacionais, nomeadamente a Diretiva Aves no
que respeita à salvaguarda dos períodos de retorno das espécies
migratórias aos seus locais de nidificação”, afirma a diretora regional
dos Recursos Florestais, Anabela Isidoro, citada numa nota de imprensa
do executivo açoriano.Associações
ambientalistas Quercus, Amigos dos Açores, Coletivo Açoriano de
Ecologia Social, Avifauna dos Açores e cerca de 350 pessoas assinaram um
manifesto que pede a retirada da atual proposta do executivo açoriano.O
documento, designado “Manifesto pela defesa das aves açorianas e contra
a sua caça”, pede a retirada da atual proposta de decreto legislativo
regional sobre o exercício da caça nos Açores.Num
comunicado divulgado na quarta-feira, os subscritores consideram que
proposta "não está apoiada num grau suficiente de conhecimento
científico, não respeita o cumprimento dos tratados internacionais e não
protege de forma satisfatória nem adequada a frágil natureza dos
Açores".A
diretora regional dos Recursos Florestais reitera hoje que Governo dos
Açores “está sempre disponível para acolher propostas de alteração,
desde que sejam exequíveis e credíveis”, e sustentou que as críticas do
manifesto, além de injustificadas, pecam por terem sido feitas de “ânimo
leve e sem sustentação científica”.
Além disso, Anabela Isidoro garante que a atividade cinegética nos
Açores “é fiscalizada e cumpre regras ajustadas à realidade de cada uma
das ilhas”, assim como as normas estipuladas a nível nacional e
internacional quanto à lista de espécies cinegéticas.O
manifesto solicita a exclusão definitiva da lista de espécies
cinegéticas “as aves nativas que apresentam um estado de conservação
desfavorável”, alertando também para o facto de "quatro aves migradoras
protegidas estarem fortemente expostas à caça por serem praticamente
impossíveis de diferenciar de outras quatro incluídas atualmente na
lista de espécies cinegéticas".Os
subscritores reclamam, ainda, a proibição da utilização na caça de aves
de presa e do furão, uma espécie exótica invasora nos Açores.Anabela
Isidoro contrapõe no caso da caça com furão constitui um processo com
"grande tradição na região"", não se conhecendo qualquer estudo a nível
regional que indique a sua condição de espécie invasora.“Por
outro lado, não se pode inferir que, pelo facto de serem espécies
cinegéticas, a caça se faça com a mesma pressão em todas as ilhas, como é
o caso de São Miguel, em que os calendários venatórios há mais de 30
anos não permitem a caça à galinhola”, refere a diretora regional,
sublinhando que a atividade cinegética é fundamental na regulação das
abundâncias de algumas espécies e a sua coexistência com as atividades
agrícola e turística é possível e necessária.