Governo dos Açores reivindica reforço de verbas comunitárias para a agricultura
6 de jan. de 2021, 15:33
— Lusa/AO Online
“O que está previsto é uma
transferência de 56 milhões de euros, que é o correspondente a cerca de
7,5% das verbas nacionais, mas nós consideramos, tendo em conta as
dificuldades que os Açores atravessam relativamente à questão da
pandemia e outras que têm vindo a persistir, designadamente a
necessidade de fixar jovens, a necessidade de criar emprego, o
despovoamento das ilhas, que é preciso um montante superior”, avançou,
em declarações aos jornalistas.O
secretário regional do executivo da coligação PSD/CDS/PPM falava após
uma reunião, por videoconferência, com a ministra da Agricultura, Maria
do Céu Antunes (PS).António Ventura
defendeu que a agricultura pode ser “um motor da recuperação económica”
dos Açores e, por isso, reivindicou um reforço do montante habitual, mas
não revelou em quanto.“Eu acho que 56
milhões não é suficiente. Nós queremos um valor superior. Não vou
avançar com um montante agora, porque não quero prejudicar a negociação,
mas nós não nos contentamos com 56 milhões para 2021, queremos mais”,
salientou.O governante defendeu ainda um aumento da percentagem que o Governo da República prevê atribuir aos Açores da “bazuca” europeia.“O
que nos foi transmitido é que, dos 350 milhões de euros, iremos receber
uma parte correspondente àquilo que se recebe de igual modo dos fundos
comunitários. Temos uma percentagem que reivindicamos, a ministra da
Agricultura tem uma percentagem mais baixa e, portanto, estamos nesta
negociação e esperamos vir a receber um montante considerável”,
adiantou.Se não houver abertura por parte
do Governo da República, António Ventura admitiu recorrer ao parlamento
açoriano e à Assembleia da República para “fazer vincar” a “necessidade
de desenvolvimento dos Açores”.“Esperamos que o Ministério da Agricultura reconsidere a transferência dessa verba e possa aumentar o seu montante”, frisou.O
secretário regional da Agricultura reivindicou, por outro lado, a
abertura de candidaturas ao Regime de Apoio à Reestruturação e
Reconversão da Vinha (VITIS) para os Açores em 2021, alegando que a
região não pode ser prejudicada por um “mau negócio” do anterior Governo
Regional.“Este ano, infelizmente, não vai
abrir período de candidaturas, após várias insistências nossas, porque
parece que o anterior executivo quis uma antecipação das verbas
relativas a este ano para usar no ano transato. Espero que isso não
tenha nada a ver com as eleições regionais”, revelou.Segundo
António Ventura, o aviso nacional para este programa é de 50 milhões de
euros e os Açores teriam acesso a 8% desse montante (quatro milhões de
euros), mas como em 2020 foram antecipados 800 mil euros, este ano não
serão abertas candidaturas para a região.“O
ano passado foram cedidos 4,8 milhões de euros. Houve um acréscimo de
800 mil euros. A verdade é que comprometeram a não abertura de
candidaturas este ano”, criticou.O
governante disse que a ministra alegou ter um compromisso por escrito do
anterior executivo e que não manifestou abertura para dialogar, mas
garantiu que o atual Governo Regional não vai desistir.“Há
uma dinâmica do setor instalada nos Açores. Ainda há cerca de 700
hectares de vinha para reestruturar. Pelo nosso cálculo, é preciso 17
milhões de euros e, portanto, este percurso que se está a fazer, que é
preciso ampliar, não pode ser parado”, frisou.