Governo dos Açores reivindica extensão do prazo de vida dos cabos submarinos
14 de dez. de 2022, 07:03
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, o diretor regional das Comunicações e da
Transição Digital, Pedro Batista, condenou o “atraso” no processo de
substituição dos cabos submarinos, uma vez que a vida útil dos atuais
cabos termina em 2024/2025.“Sabemos que
não é por terminar a vida útil que, no dia a seguir, deixa de funcionar,
mas, naturalmente, poderá haver uma incidência de anomalias e de
avarias superior a que existe até agora”, afirmou.O
diretor regional reconheceu que, a partir de 2024 a conectividade
digital entre os Açores e o continente, assegurada pelo sistema
designado Anel CAM, poderá ser afetada.“Estamos
ligados por um cabo de fibra ótica submarino que nos permite ter acesso
a internet, chamadas de rede móvel, chamadas de voz de rede fixa. Há um
conjunto de serviços, na saúde, de transações bancárias,
aeroportuárias, na aviação, que estão suportados nessa conectividade”,
alertou.Pedro Batista defendeu que o
“Estado português tem de garantir” que existe a “capacidade para
estender o prazo de vida útil” dos cabos submarinos de ligações.“É
importante termos a garantia do Estado português que esta situação está
prevista e a forma como vai ser garantida. Daquilo que percebemos das
declarações na Assembleia da República, a Infraestruturas de Portugal
não toma como sua essa preocupação”, salientou.A
29 de novembro, na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas,
Planeamento e Habitação, o presidente da Infraestruturas de Portugal
(IP) reconheceu que "haverá ultrapassagem do prazo de vida útil" de pelo
menos dois dos cabos."A IP recebeu a
responsabilidade de levar a cabo este investimento e de gerir esta
operação do novo anel CAM, não do anterior. Claro está que qualquer
entidade dirá que, à medida que o prazo de vida útil vai sendo
ultrapassado", há a probabilidade "de existência" de problemas", o que é
"normal", afirmou o responsável pela IP.O
diretor regional do Governo dos Açores defendeu que é necessário
“garantir que as avarias são colmatadas com rapidez” e que “não surjam
em simultâneo” nos dois cabos (um liga os Açores à Madeira, o outro vai
do arquipélago açoriano para o continente).“Não conseguimos imaginar a vida nos Açores sem conectividade digital ao resto do mundo”, vincou.Sobre
o processo de substituição dos cabos submarinos, Pedro Batista avançou
que o Governo Regional foi “intransigente” na possibilidade de a região
depender apenas de uma ligação ao novo sistema, adiantando que o atual
projeto prevê uma amarração na Terceira e outra em São Miguel.Segundo
disse, o Governo dos Açores defende uma “gestão única e pública” dos
novos cabos submarinos, como “forma de garantir o acesso equitativo dos
operadores” de telecomunicações e a redução dos preços das comunicações.“Uma
das nossas exigências, que mantemos e queremos ver respondida, é sobre o
abaixamento de preço. Há relativamente pouco tempo, uma ligação Ponta
Delgada - Lisboa custava 20 vezes mais do que uma ligação Londres – Nova
Iorque. Isso não é admissível”, concluiu.