Governo dos Açores reitera que aterro de resíduos nas Flores é “situação excecional”
4 de jul. de 2023, 17:05
— Lusa
“Esta
é uma situação excecional que está prevista no Regime Geral de
Prevenção e Gestão de Resíduos quando em causa está a saúde publica”,
afirmou o secretário do Ambiente e Alterações Climáticas.Alonso
Miguel, que falava aos jornalistas em Ponta Delgada após a inauguração
do Centro de Tratamento Biológico de Resíduos de São Miguel, adiantou
que na quarta-feira vai decorrer uma reunião entre o executivo regional e
os autarcas das Flores, o Conselho de Ilha e a entidade que gere os
resíduos na ilha.Em 20 de junho, o
presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), o social-democrata
José Manuel Bolieiro, anunciou que vão ser aterradas 1.300 toneladas de
lixo na ilha das Flores, uma solução “excecional” devido à sobrelotação
do Centro de Processamento de Resíduos (CPR) da ilha.Hoje,
Alonso Miguel insistiu que “parte dos resíduos se deteriorou” e está
infestada de baratas, realçando que o impacto ambiental da operação é
“diminuto”.“Os transportadores não estão
disponíveis para transportar esses resíduos que são matéria orgânica
estabilizada não crivada. Quer isto dizer que se nós tivermos crivado
esse composto ele pode ser utilizado em jardins. Não há produção de
lixiviados, não há produção de biogás”, vincou.Sobre a posição do PS, o secretário regional disse lamentar que se faça “demagogia numa matéria tão sensível”.“Dar
a entender às pessoas que aqueles resíduos são muito impactantes do
ponto vista ambiental não é correto. É demagógico. Não havia necessidade
absolutamente nenhuma de o fazer. Entre 2015 e 2020, por semana,
enterraram-se em São Miguel 1.700 toneladas de resíduos indiferenciados
durante a gestão do doutor Vasco Cordeiro”, afirmou, aludindo ao período
em que o PS liderava o Governo Regional.Logo
após o anúncio do aterro, o PS/Açores revelou que vai chamar ao
parlamento regional, com caráter de urgência, o secretário regional do
Ambiente.Em 18 de maio, a associação
ambientalista Zero alertou, em declarações à Lusa, que o CPR das Flores
estava sobrelotado, apelando às autarquias da ilha e ao Governo dos
Açores para levar o “assunto a sério” por uma questão de “salubridade
pública”.Em causa está a precariedade do
porto comercial da ilha, que foi seriamente danificado em novembro de
2019 pela passagem do furação Lorenzo e, em dezembro de 2022, pela
tempestade Efrain.