Governo dos Açores recusa tomar decisão sobre descongelamento da carreira docente
17 de jul. de 2018, 15:58
— Lusa/AO Online
A
posição do executivo açoriano foi reiterada esta terça-feira pelo presidente do
Governo, o socialista Vasco Cordeiro, no plenário da Assembleia
Legislativa dos Açores, na Horta, durante um debate de urgência proposto
pelo Bloco de Esquerda sobre "Educação e reivindicações dos
professores"."A
solução global para este assunto deve ser avaliada no seu conjunto e
podem, no decurso deste processo negocial, surgir questões que não estão
na área de competências da Região", justificou o chefe do Governo,
insistindo que a atitude mais correta é aguardar pela conclusão das
negociações a nível nacional.Já
antes da intervenção de Vasco Cordeiro, o secretário regional da
Educação e Cultura, Avelino Meneses, tinha dito aos deputados que a
Região irá continuar a fazer depender a progressão da carreira dos
professores da decisão que o Governo da República vier a tomar sobre
esta matéria.Mas
Zuraida Soares, deputada do Bloco de Esquerda, não compreende porque
razão o Governo dos Açores, que tem autonomia em matéria de Educação,
não toma uma decisão, em vez de aguardar por Lisboa."Não
queremos acreditar que seja por uma mera atitude persecutória para com
os professores e educadores da região, mas se não é, parece", insistiu a
parlamentar bloquista, que perguntou ao Governo, por várias vezes, qual
a razão desta espera.Maria
João Carreiro, da bancada do PSD, criticou a "inércia" da tutela em
relação a este tema, afirmando que a atitude do executivo "prova que o
Governo Regional do Partido Socialista carrega um poder que não sabe ou
não quer usar" ao "demitir-se das suas funções".Catarina
Cabeceiras, deputada do CDS-PP, preferiu destacar as alegadas
tentativas de "intimidação" da tutela junto dos professores que
estiveram em greve nas últimas semanas nos Açores, em sinal de protesto
pelo não descongelamento das carreiras, "A
tutela regional da Educação tentou impor aos docentes um conjunto de
procedimentos duvidosos, tentando até subverter o quadro legal do
regulamento dos conselhos de turma", procurando "violar o direito à
greve", apontou a deputada centrista.Também
João Paulo Corvelo, do PCP, acusou a Secretaria Regional da Educação de
tentar "intimidar os conselhos executivos e os docentes, com ameaças de
procedimentos disciplinares", colocando mesmo em causa o "direito
constitucional à greve".Postura
criticada também por Paulo Estêvão, do PPM, que lembrou que os
professores dos Açores "testemunharam, todos os dias, ameaças de
processos disciplinares" e de "destruição das suas carreiras",
destacando, porém, o facto de os professores não se terem deixado
"coagir".O
grupo parlamentar do PS, que está em maioria no parlamento açoriano,
admitiu que as reivindicações dos professores "são justas", mas Susana
Costa, deputada socialista, entende que a atitude mais correta, nesta
altura, é "aguardar com serenidade" pelo fim das negociações em Lisboa."O
mais importante, nesta fase, é aguardar com serenidade uma decisão que
seja tomada e garantir que esta decisão é a melhor para que os docentes
tenham uma carreira docente melhor".