Governo dos Açores recusa motivos técnicos ou ambientais para alterar variante às Furnas
10 de dez. de 2021, 18:40
— Lusa/AO Online
“Não
existem motivos técnicos e ambientais que coloquem em causa a execução
deste investimento”, sustentou Ana Carvalho, no âmbito de uma audição na
Comissão Permanente de Assuntos Parlamentares, Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável do parlamento açoriano.A
governante foi ouvida por causa de uma petição que pede a
alteração ao traçado da variante à freguesia das Furnas, na ilha de São
Miguel, um projeto do anterior executivo açoriano do PS.A
petição contesta o traçado do 1.º lanço do projeto de melhoria de
acessibilidade à freguesia de Furnas, no concelho de Povoação, alertando
para o impacto que o mesmo terá no ambiente, na qualidade de vida, na
atividade económica e na beleza do vale das Furnas.Aos
deputados da Comissão, a titular pela pasta das Obras Públicas nos
Açores adiantou que este processo "já se encontra em fase de
contratualização da empreitada, tendo inclusivamente a Região Autónoma
dos Açores entrado na posse dos terrenos a afetar ao investimento"."Este
investimento é apoiado no âmbito do PRR (Plano de Recuperação e
Resiliência), sendo que a sua não contratualização poderá ter como
consequência a perda desta importante fonte de financiamento",
assinalou.Lembrando
que se trata de um projeto que vem desde 2017, a Secretária Regional
das Obras Públicas e Comunicações sublinhou que a obra tem parecer
favorável pela comissão de avaliação do estudo de impacto ambiental e
que foram pedidos vários pareceres a várias entidades e não tendo ainda
havido quaisquer intervenções do público durante o período de consulta
pública."Contem
todas as medidas de mitigação constantes do estudo do impacto
ambiental", sublinhou, garantindo que a divulgação legal sobre o projeto
foi "cumprida".Segundo disse, "não houve apresentação pública de discordância sobre o projeto". "O
impacto ambiental está assegurado. Vamos cumprir tudo o que o ambiente
nos impõe na declaração de impacto ambiental e vamos monitorizar antes,
durante e depois da obra", vincou.Ana
Carvalho lembrou que se trata de "uma obra que foi decidida com uma
preocupação central de garantir a segurança, desde logo ao nível pedonal
nas Furnas", uma vez que a variante "permitirá retirar" do centro da
freguesia parte do tráfego que se dirige para a Povoação e para a
Ribeira Quente. Quando
o projeto foi apresentado em 2020, o anterior presidente do Governo
Regional do PS, Vasco Cordeiro, anunciou que esta obra "aumentaria de
forma substancial segurança da circulação rodoviária, tendo em conta o
perfil previsto para as duas fases de intervenção, destacando também o
contributo desta obra para um cada vez maior desenvolvimento económico
deste concelho da ilha de São Miguel", recordou.O
projeto do anterior executivo açoriano do PS prevê a construção de uma
via com uma extensão de 1.610 metros, duas rotundas, três caminhos
paralelos, 14 passagens hidráulicas e três faixas de circulação
contínuas.Contudo,
uma petição pede a alteração do traçado da variante à freguesia das
Furnas, tendo em conta o impacto ambiental do projeto atual, as suas
consequências para a atividade económica e para a qualidade de vida na
localidade.Na
petição, os subscritores manifestam-se contra o traçado do primeiro
lanço do projeto de melhoria de acessibilidade à freguesia das Furnas,
“solicitando que a Assembleia, através da iniciativa dos seus membros,
recomende ao Governo Regional a alteração e consequente modificação ou
resolução da empreitada de execução”.Ouvido
esta manhã em sede de Comissão, o primeiro peticionário, Luís Moniz,
reforçou que os subscritores estão contra o traçado do primeiro lanço
que vai passar nas Furnas, por ser "um ataque ambiental" à freguesia e
por "não" beneficiar "a população em geral".Os
peticionários consideram que "há outras alternativas", e "mais
válidas", para "abranger a população em geral" e "sem prejudicar a
paisagem das Furnas".Luís
Moniz disse que o traçado “vai ser uma aberração total” e vai ter "um
impacto ambiental" na freguesia das Furnas, ‘ex-libris’ em termos
turísticos.Os
peticionários defendem ainda que a obra é “desnecessária”, alegando que
“não existe tráfego", em particular de pesados, que justifique a
construção.