Governo dos Açores recusa demissão de diretor regional do anterior executivo
26 de nov. de 2020, 10:53
— Lusa/AO Online
Numa missiva a que agência Lusa
teve acesso, datada de 24 de novembro, Tiago Lopes solicitou a cessação
de funções de diretor regional da Saúde e, por inerência, da Autoridade
de Saúde Regional, cargos que ocupou durante o governo socialista.“Renuncio,
cessando as minhas funções, a partir das 00h00 do dia 25 de novembro de
2020, ao cargo de diretor regional da Saúde, bem como aos demais cargos
que exerço por inerência, para que tome posse e assuma o mandato de
deputado à Assembleia Legislativa Regional”, lê-se no documento.Tiago Lopes foi eleito deputado pelo PS nas últimas eleições regionais como número dois pela lista da ilha Terceira.O
responsável pela Autoridade de Saúde Regional justifica a
"indisponibilidade" para se manter em funções, tendo em conta o que foi
"publicamente afirmado por parte do hoje [terça-feira] nomeado
presidente do Governo Regional", que disse querer "nomear de imediato o
diretor regional da Saúde e o coordenar regional de saúde pública".Tiago
Lopes propõe também a nomeação de Gustavo Tato Borges, indicado pelo
governo do PSD, como coordenador regional de saúde pública para
“facilitar a transição e evitar obstáculos de natureza formal”.“Desde
já manifesto a minha total disponibilidade para, assim que seja
designado um novo titular para o cargo de diretor regional da saúde,
proceder à transição de pastas”, acrescenta a carta.Na
resposta, o secretário regional da Saúde, Clélio Meneses, informa que
as “funções deverão ser asseguradas em gestão corrente até à designação
do novo titular”, que, “em caso algum, poderá exceder o prazo máximo de
90 dias”: “pelo exposto, não autorizo o pedido de renúncia”, lê-se na
resposta datada igualmente de 24 de novembro.Tiago
Lopes foi o rosto da Autoridade de Saúde dos Açores ao longo da
pandemia, tendo durante meses 'entrado em casa' dos açorianos por via
dos pontos de situação diários da Covid-19.Em
entrevista à agência Lusa, em 05 de outubro, o agora presidente do
Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, criticou o “aproveitamento
político” da candidatura de Tiago Lopes."É
notoriamente um aproveitamento político. Mais evidente não pode ser.
Isto é vantajoso para a maturidade orgânica dos órgãos de governo
próprio da região, da autonomia e democracia dos Açores? Penso que não",
considerou o então presidente social-democrata.Semanas
depois Bolieiro defendeu que Tiago Lopes deveria ter “suspendido” as
funções, por uma “questão ética” e de “imparcialidade”.
Governo dos Açores criou uma Comissão Especial de Acompanhamento da
Luta Contra a Pandemia de covid-19, área que funcionará no gabinete do
secretário da Saúde e será tutelada pelo médico Gustavo Tato Borges,