Governo dos Açores recorre a emigrantes nos EUA para conseguir vacinas
Covid-19
16 de abr. de 2021, 14:51
— Lusa/AO Online
“Vamos
sensibilizá-los para que consigam interceder para que os Estados Unidos
nos forneçam vacinas de um modo gratuito ou eventualmente até, através
dos nossos empresários, conseguindo adquiri-las pagando, porque a saúde
dos açorianos não tem preço”, afirmou o vice-presidente do executivo
açoriano, Artur Lima, numa conferência de imprensa, em Angra do
Heroísmo.Segundo o governante, esta
decisão surge depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros ter
recusado acionar o Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os
Estados Unidos para solicitar a cedência de vacinas à região, alegando
que não havia “base jurídica sólida”.“A
resposta do senhor ministro escusa-se em preciosismos jurídicos e não
considera, em momento algum, a realidade específica dos Açores, que é um
desafio suplementar no combate à covid-19. Para o Governo Regional dos
Açores, esta é uma resposta não aceitável, demonstrativa da falta de
solidariedade da República em relação à nossa região e ao nosso povo”,
frisou.Artur Lima defendeu, no entanto,
que é possível acionar o Acordo de Cooperação e Defesa, alegando que, o
artigo III do ponto J prevê a cooperação entre os serviços de saúde das
Forças dos Estados Unidos e os serviços de saúde portugueses “na
manutenção da saúde pública”.“O Governo
Regional dos Açores foi institucional e respeitador. O que esperávamos
do senhor ministro é que, pelo menos, nos dissesse: eu vou desenvolver
os esforços diplomáticos para vos ajudar. Refugiou-se em pormenores
jurídicos. Deu-nos liberdade de irmos às nossas comunidades, aos nossos
políticos de ascendência açoriana, aos nossos empresários pedir-lhes a
ajuda para que possamos imunizar a população dos Açores”, apontou.O
vice-presidente do Governo Regional, da coligação PSD-CDS-PPM,
mostrou-se confiante de que será possível conseguir vacinas para
imunizar a população dos Açores através da influência da comunidade
açoriana nos Estados Unidos.“Como é
público, os Estados Unidos já ofereceram vacinas a vários países. Eu
acho que o Estado norte-americano, com a relação de amizade de décadas
com os açorianos, não nos vai deixar ficar mal”, acrescentou.O
aumento de casos de infeção na ilha de São Miguel, nas últimas semanas,
e a fragilidade do serviço regional de saúde, com hospitais em apenas
três das nove ilhas do arquipélago, levam, no entanto, o executivo
açoriano a pedir uma vacinação mais rápida.“Efetivamente
temos de imunizar e rapidamente a população dos Açores, porque começa a
agravar-se a situação, embora dentro de níveis absolutamente
controlados da pandemia. Temos de ter a preocupação de imunizar o mais
rapidamente a população dos Açores”, salientou.Antes
do pedido ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, o presidente do
Governo Regional dos Açores já tinha solicitado à Comissão Europeia um
reforço de vacinas ao abrigo do estatuto de região ultraperiférica, mas
igualmente sem sucesso.“Recebemos a
resposta da senhora comissária a dizer que isto era um assunto que cada
um dos estados-membros devia gerir internamente. E, a resposta que
tivemos é que tínhamos os 2,5% da nossa quota de vacinas disponíveis
para os Açores”, lembrou Artur Lima.Se a
tentativa de sensibilização da comunidade emigrante nos Estados Unidos
também não surtir efeito, o vice-presidente do Governo Regional admitiu
recorrer a outras vias.“Esgotaremos todas
as possibilidades até conseguirmos e se conseguirmos vacinas que nos
sejam faculdades pelos Estados Unidos estaremos encantados, mas também
se conseguirmos adquirir por outro processo também estamos a avaliar
essa questão. Nós somos cautelosos, somos institucionais e vamos passo a
passo tentando resolver”, reforçou.