Governo dos Açores reclama 56 ME prometidos pela República
18 de abr. de 2023, 16:35
— Lusa
“É
bom que os açorianos e as açorianas saibam que, se não fosse o Governo
Regional e a Portos dos Açores se estarem a substituir e a pagar a
solidariedade anunciada pelo Governo da República, as obras nas Flores
já teriam parado”, insistiu o governante, durante um debate parlamentar
na Assembleia Legislativa dos Açores, referindo-se à reconstrução dos
estragos provocados pelo furacão Lorenzo na ilha das Flores.Duarte
Freitas lembrou que o executivo nacional de António Costa tinha
assumido o compromisso de suportar 85% dos encargos com a recuperação
dos estragos provocados por aquela tempestade, que atravessou a região
em outubro de 2019, mas lamentou que o volume de verbas em atraso
continua a aumentar.“Juntando os 39,4
milhões de euros que a República já deve, mais os 17 milhões que vai
ficar a dever até ao final do primeiro semestre, são 56 milhões de euros
que a região está a pagar da solidariedade anunciada pela República,
mas não confirmada”, lamentou o titular da pasta das finanças no
arquipélago.As declarações do secretário
regional das Finanças ocorreram na reta final de uma sessão de perguntas
promovida pelo deputado da Iniciativa Liberal sobre a ilha do Faial,
numa altura em que o presidente da Assembleia Regional, o
social-democrata Luís Garcia, já não permitiu que mais nenhum deputado
pudesse intervir, antes da interrupção para almoço.A
ampliação da pista do Aeroporto da Horta e a construção da variante à
cidade da Horta foram os temas que maior debate geraram durante aquela
sessão de perguntas.“O Aeroporto da Horta é
o aeroporto mais penalizado dos Açores”, lembrou a secretária regional
do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, admitindo que é
necessário ampliar aquela infraestrutura, embora ressalve que o
aeroporto é gerido pela ANA/VINCI, e que, como tal, “é responsabilidade
da República”.A governante lembrou que,
apesar disso, o executivo regional de coligação (PSD, CDS-PP e PPM), vai
financiar, através de um contrato assinado com a Câmara Municipal da
Horta, em 800 mil euros, a elaboração de um projeto para a ampliação do
Aeroporto da Horta.“Nós ajudamos a
comparticipar no projeto, mas a obra é da responsabilidade do Governo da
República, que fique muito claro!”, insistiu a governante, adiantando
que, mesmo assim, o executivo de coligação regional decidiu chegar-se à
frente e ajudar a financiar o projeto.Berta
Cabral referiu-se também ao projeto da segunda fase da variante à
cidade da Horta, obra que será financiada com verbas do Plano de
Recuperação e Resiliência (PRR), mas que suscitou a criação de uma
petição, subscrita por mais de 300 pessoas, que contesta o facto de a
obra não ter sido sujeita a um debate público.“Isto
não impede, contudo, que não tenha havido toda a abertura com todos os
grupos de interesses, com todos os parceiros sociais, com a Escola, com
todos aqueles que não tenham interesse direto e individual neste
processo”, frisou a governante, garantindo que o Governo vai zelar “pelo
interesse público comum”, mas não “pelos interesses particulares de
ninguém”.Além das acessibilidades, a
sessão de perguntas centrou-se também nos alegados atrasos no pagamento
de subsídios do programa Prorural, que financia investimentos no setor
agrícola, que estarão a dificultar a vida aos empresários regionais.“Há
um empresário, especificamente, da ilha do Faial, que tem um
investimento à espera de resposta há mais de 36 meses”, alertou Nuno
Barata, deputado do IL.O secretário
regional da Agricultura, António Ventura, admitiu que há falta de
técnicos para apreciar todas as candidaturas apresentadas pelos
empresários agrícolas açorianos, e lembrou que a região está ainda a
pagar uma multa de dois milhões de euros, aplicada pela Comissão
Europeia, pelo alegado “facilitismo” na apreciação de candidaturas no
passado.Por outro lado, a secretária
regional, Mónica Seidi, a comprometer-se com a transferência, para
breve, dos serviços da Unidade de Saúde de Ilha para o novo edifício
construído de raiz junto ao Hospital da Horta.“Durante
o dia de ontem já decorreram consultas dentárias nas novas instalações,
já houve também transferência de alguns serviços administrativos, e na
próxima semana, prevê-se que sejam transferidos serviços de terapia da
fala, de nutrição e de psicologia”, adiantou a governante, lembrando que
esta demora na transição dos serviços resulta de “erros crassos” de
construção, que obrigando a fazer correções.Pedro
Neves, do PAN, entende que a prioridade do Governo, no setor da saúde,
devia ter sido a remodelação do Bloco A do Hospital da Horta, cujos
concursos públicos lançados pelo Governo ficaram sucessivamente desertos
e que considerou apresentar um estado “degradante”.“Não
tem caldeira, não há água quente para duches, nem para limpeza de todos
os produtos que são necessários, tanto de terapêutica, de bloco
operatório, como em termos de cirurgia”, lamento o parlamentar do
partido das Pessoas, Animais e Natureza.