Governo dos Açores questiona anterior executivo PS sobre 208 ME que pediu para a pandemia
29 de nov. de 2022, 11:22
— Lusa/AO Online
“Em
2020, num orçamento retificativo, o Governo Regional do PS pediu um
acréscimo de endividamento de 285 milhões de euros por causa da
covid-19. Sabem quanto é que o Tribunal de Contas diz que foi gasto em
2020 por causa da covid-19? Setenta e sete milhões de euros”, afirmou
Duarte Freitas.O titular da pasta das
Finanças referiu ainda que seria “bom que o deputado Vasco Cordeiro
[ex-presidente do Governo dos Açores] e o PS explicassem aos açorianos
como é que justificaram 285 milhões de euros a mais de endividamento em
2020 e só gastaram 77 milhões”.O
secretário regional falava na Graciosa, no âmbito da visita do Governo
Regional à ilha, numa reação ao PS, que considerou hoje que a decisão da
agência de notação financeira Moody’s em baixar a perspetiva da dívida
pública dos Açores é um “motivo de preocupação”, acusando o Governo
Regional de maioria PSD/CDS-PP/PPM de “incapacidade” e “descontrolo das
finanças públicas”.“A Moody’s baixou a
classificação da região enquanto devedora, referente à capacidade de
cumprir com os seus compromisso financeiros de estável para uma
classificação negativa. Essa decisão é motivo de profunda preocupação e
apreensão”, afirmou o deputado regional do PS Carlos Silva, em
conferência de imprensa.Numa reação a
estas declarações, Duarte Freitas salientou que o endividamento global
de 2020 “é superior ao somatório do endividamento de 2021 e 2022”, anos
em que o Governo dos Açores já era liderado pela coligação
PSD/CDS-PP/PPM.O responsável político
afirmou ainda que a agência de notação financeira Moody’s apontou “dois
ou três fatores muito relevantes”, sendo um deles o endividamento dos
Açores e outro relaciona-se com a situação financeira do grupo SATA, bem
como com a questão “mais estrutural da despesa da saúde na região”.No
caso do endividamento e da SATA, afirmou Duarte Freitas, “o próprio
orçamento para 2023 vem responder, sendo o primeiro em 15 anos em que
não há endividamento liquido”.O secretário
regional das Finanças referiu, contudo, que “subsiste um problema grave
nos Açores, que é o problema do serviço de Saúde, que representa 42%
das receitas próprias”.Daí a intenção
manifestada pelo presidente do executivo dos Açores, o social-democrata
José Manuel Bolieiro, de promover um estudo sobre os sobrecustos do
setor na região, para apresentar ao Governo da República no âmbito da
revisão da Lei de Finanças das Regiões Autónomas, apontou. Duarte
Freitas considerou ainda que as recentes declarações de Vasco Cordeiro,
deputado e líder do PS/Açores, no parlamento regional, sobre as
finanças públicas regionais, “só revelam que estava a mentir e continuou
na mentira, ou não sabia que estava a mentir”.“Os
dados referidos são relativos ao segundo trimestre de 2022 e, até ao
final do ano, há cerca de 300 milhões de euros que vão ser reduzidos
deste montante que são os encargos financeiros com os empréstimos que
vencem”, salientou Duarte Freitas.Na
sexta-feira, a agência de notação financeira Moody’s baixou a perspetiva
da dívida pública dos Açores de estável para negativa e reduziu um
patamar na classificação da anotação de crédito (‘Baseline Credit
Assessment') da região que passou de ba3 para b1.Em
comunicado, a Moody´s justificou a mudança com o elevado défice da
região, os “níveis crescentes de dívida” e as “condições económicas
adversas esperadas em 2023”, o que vai restringir a capacidade de a
região reduzir os níveis de défice e de divida.A
agência de notação financeira alertou para a situação financeira da
transportadora aérea SATA, para o endividamento contraído para fazer
face à pandemia da covid-19 e para a situação no setor da saúde, que
representa cerca de 30% de Orçamento regional.A
Moody’s acredita que a redução da dívida açoriana vai ser “difícil da
alcançar a médio prazo”, devido ao valor da dívida e aos saldos
operacionais negativos, apontando para as “fragilidades no planeamento
financeiro” da região.