Governo dos Açores quer tornar regime de apoio às atividades culturais "mais acessível"
11 de nov. de 2022, 18:31
— Lusa/AO Online
“É
preciso desburocratizá-lo, alterar o calendário, torná-lo mais
acessível para as associações e entidades culturais mais pequenas, mas
também conferir uma maior previsibilidade a associações e promotores que
já têm uma estrutura que lhes permite ter projetos plurianuais”,
afirmou, em declarações aos jornalistas, a titular da pasta dos Assuntos
Culturais nos Açores, Sofia Ribeiro.A
revisão do regime jurídico do apoio às atividades culturais foi um dos
temas em discussão no Conselho Regional de Cultura, que se reuniu
em Angra do Heroísmo.Segundo Sofia
Ribeiro, a proposta de alteração normativa deverá ser apresentada “a
muito curto prazo”, mas o novo regulamento só será aplicado às
candidaturas para 2024.“Temos já um
processo de candidatura dos projetos ao regime jurídico de atividades
culturais para 2023. Já terminou e estamos a apreciá-lo nos termos do
regulamento ainda vigente”, explicou.A
secretária regional disse acreditar que as alterações a introduzir vão
permitir ter “maior eficácia na resposta e na necessidade de celeridade”
na atribuição de verbas a entidades culturais.“Pensamos
que o conseguimos por duas vias. Por um lado, com a desburocratização
de todo o processo, também revendo os próprios protocolos na forma como
eles estão firmados após a decisão da consignação dos apoios, mas também
com a própria calendarização, que nos permita termos mais tempo para
cumprirmos com os ‘timings’ necessários”, apontou.Sofia
Ribeiro disse que o executivo pretende também introduzir “outras
dinâmicas de apoio que neste momento não estão contempladas” e valorizar
“não somente a dinamização cultural, mas também a produção cultural, em
especial aquela que envolva uma interconexão e uma interatividade entre
diversas entidades e agentes culturais e entre as diversas ilhas”.“Uma
dinâmica de uma associação que seja feita com um museu ou com uma
biblioteca ou que implique interação entre associações de diferentes
ilhas ou até mesmo com o resto do território nacional ou europeu pode
ter uma majoração por essa mesma via”, adiantou.Outro
dos assuntos em análise no Conselho Regional de Cultura foi o programa
Ler Açores, que o executivo quer “que não somente se constitua um
referencial para a leitura, mas que promova efetivamente a leitura”.Segundo Sofia Ribeiro, tem havido uma colisão entre a comissão científica e o conselho científico do programa.“Pretendemos
imprimir um rumo, em que haja um plano anual de atividades, analisado
pelo Conselho Regional de Cultura, também com a avaliação das atividades
anteriores, e termos apenas uma comissão científica, que define quais
são as obras de referência para o Plano Regional de Leitura, que não se
vai circunscrever às faixas etárias das nossas escolas, mas a toda uma
população”, frisou.A governante anunciou
ainda alterações ao modelo da temporada cultural, que em 2023 terá como
tema o centenário do nascimento da poetisa Natália Correia.“Entendemos
que não compete a um departamento governamental estar a agir como um
agente de promoção de espetáculos. Tem é de capacitar os agentes no
terreno para eles próprios dinamizarem a cultura e serem eles próprios
produtores de cultura”, afirmou.O Conselho
Regional de Cultura, que se reúne anualmente, recebeu também o
diretor artístico da candidatura de Ponta Delgada a Capital Europeia da
Cultura, que apresentou o projeto.Para
além da secretária e do diretor regional dos Assuntos Culturais, o
conselho inclui representantes da Associação dos Municípios da Região
Autónoma dos Açores, da delegação regional da Associação Nacional de
Freguesias e da secção regional dos Açores da Ordem dos Arquitetos.Compõem
ainda o conselho Rui Brix Elisabeth, Hélio Soares, Joel Neto, Nuno
Costa Santos, Lúcia Moniz, Anabela Morais, Francisco Maduro-Dias, Victor
Rui Dores, Maria João Gouveia e Antero Ávila.