Governo dos Açores quer recorrer ao privado para assegurar no imediato vagas na ação social
19 de dez. de 2024, 16:09
— Lusa/AO Online
“O Governo Regional
só irá apoiar quando a taxa de cobertura daquela resposta for claramente
insuficiente para a procura. É este o espírito do diploma”, afirmou a secretária regional da Saúde e Segurança Social, Mónica Seidi,
numa audição na comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa
dos Açores.A governante falava no âmbito
da discussão de uma proposta de decreto legislativo regional,
apresentada pelo Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), que visa criar o
Regime Jurídico de Apoios ao Sistema de Ação Social na Região Autónoma
dos Açores.Mónica Seidi ressalvou que o
Código da Ação Social dos Açores “não exclui a iniciativa privada”, mas
era necessário criar um enquadramento legal para a atribuição de apoios.O
diploma prevê a atribuição de apoios a pessoas singulares ou coletivas,
com ou sem fins lucrativos, para promoção e acesso a respostas sociais,
realização de obras em infraestruturas destinadas a serviços ou
equipamentos de apoio social, aquisição de equipamentos, aquisição de
bens e serviços e desenvolvimento de projetos.Segundo
a titular da pasta da Segurança Social, este tipo de apoios foi
atribuído entre 2008 e 2013, através de uma portaria, numa altura em que
a região registava falta de vagas sobretudo em lares de idosos.Neste
momento, “subsiste apenas um contrato” de vagas em lares de idosos com
uma instituição privada na ilha de São Miguel, mas há necessidade de
fazer face à procura de vagas em creches, que aumentou com a
gratuitidade do serviço.“Visa dar resposta a uma urgência de atribuir vagas a todas as crianças até ao final da legislatura”, sublinhou a governante.Mónica
Seidi rejeitou aumentar o número de crianças em sala nas creches e
alertou que as obras para aumento de capacidade das instituições que já
oferecem este serviço, que nalguns casos já estão a decorrer, com apoios
do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “não vão dar uma
capacidade no imediato”.“Se há capacidade
instalada no privado, que de uma forma rápida e célere pode dar resposta
a várias valências, nomeadamente de creche, não vamos estar a inventar a
roda”, defendeu, garantindo que “se houvesse resposta no setor social, a
iniciativa privada não era necessária”.Segundo
a governante, um colégio privado em São Miguel, uma das ilhas que
apresenta maior carência de vagas em creche, já manifestou
disponibilidade para contratualizar 70 vagas, o que será uma
possibilidade, se se comprovar que “efetivamente é uma necessidade”.“Este
diploma vai permitir que quem antes, por razões económicas, não podia
recorrer ao ensino privado, agora pode e tem uma resposta”, frisou.Em
resposta a preocupações levantadas por sindicatos e instituições que
prestam atualmente estes serviços, Mónica Seidi assegurou que não haverá
duplicação de apoios, nem um esvaziamento das responsabilidades do
executivo.Para a deputada do PSD Nídia
Inácio, esta proposta “vem criar justiça no tratamento das instituições
que já têm ofertas na área do setor social e que prestam um serviço
público de qualidade, mesmo sendo instituições de natureza privada”.Dora
Valadão, do PS, questionou, no entanto, se não seria importante
aproveitar as respostas sociais que existem nos Açores para, "com
aumento de espaços ou mais funcionários, poder utilizá-las para o
objetivo que cria o regime jurídico de apoios”.António
Lima, do BE, considerou que o diploma “é uma forma de privatização de
um serviço público", alegando que "a médio ou longo prazo poderá
constituir uma desresponsabilização da região".Hélia
Cardoso, do Chega, disse ser “assumidamente a favor deste diploma e da
participação dos privados para se encontrar soluções para todos os
açorianos”, mas questionou sobre a fiscalização dos serviços prestados.