Governo dos Açores quer que café da região tenha qualificação comunitária
16 de mai. de 2023, 06:09
— Lusa/AO Online
“O café não é
uma cultura recente nos Açores, tem centenas de anos, e [os Açores] são o
único sítio da Europa onde se pode produzir café. Interessa que seja
mais uma cultura económica da diversificação e que possa potenciar o
nome dos Açores”, afirmou o titular da pasta da Agricultura e
Desenvolvimento Rural dos Açores.António
Ventura falava aos jornalistas à margem de uma reunião com a Associação
de Produtores Açorianos de Café (APAC), em Angra do Heroísmo.O
secretário regional da Agricultura acredita que o café produzido nos
Açores tem “características únicas”, por isso o Instituto de Alimentação
e Mercados Agrícolas (IAMA) vai iniciar um processo de candidatura a
uma “qualificação comunitária”.O
governante comprometeu-se ainda a criar dois campos de experimentação de
novas variedades de café, na Terceira e em São Miguel, a promover novas
formações e a prestar apoio e aconselhamento técnico aos produtores de
café.Formada há perto de uma década, a APAC conta atualmente com 55 produtores em sete das nove ilhas dos Açores.Aos
jornalistas, o presidente da associação, Luís Espínola, disse que, nos
últimos anos, a produção aumentou em cerca de “um hectare e meio” e há
“cada vez há mais interessados” em produzir café.“Temos
duas variedades bem adaptadas, o Caturra Vermelho e o Bourbon Amarelo.
Existem produtores instalados, alguns há já quase uma década, com alguma
escala. Estamos a formar mais pessoas”, adiantou.O impulso da produção de café nos Açores contou com uma parceria com a Delta, que comparticipou quatro missões de formação.A
mais recente, já com o apoio do Governo Regional, juntou mais de 100
pessoas, em São Miguel e na Terceira, com consultores do Brasil.A associação não tem, no entanto, qualquer parceria comercial com a empresa.“A Delta será um 'player' igual a outro. Não temos exclusividade de venda à Delta”, explicou Luís Espínola.Segundo
o presidente da APAC, os Açores não têm dimensão para produzir em
“larga escala”, mas têm potencial na produção de “cafés de
especialidade”, que atualmente cativam sobretudo os turistas que visitam
o arquipélago, que o consomem e muitas vezes o compram como “souvenir”.“Existem
produtores que já mandaram café para várias partes do mundo, desde o
Alasca à Europa central, mas canais de exportação não tenho
conhecimento. Alguns dos produtores estão numa fase de crescimento dos
seus negócios”, revelou.Luís Espínola
defende que há condições para apostar na produção de café nos Açores, é
preciso apenas criar estímulos dentro da diversificação agrícola e
aprimorar o conhecimento.“É importante
experimentarmos novos materiais genéticos que sejam mais competitivos e
tenham mais resistência às nossas condições edafoclimáticas,
principalmente ao vento e à humidade, e que traga um produto mais
uniforme, de forma a que possamos reduzir o custo da mão de obra e ter
um produto de excelência”, salientou.