Governo dos Açores quer implementar incentivos à fixação de enfermeiros até final do ano
26 de ago. de 2022, 08:13
— Lusa/AO Online
“Já há uma proposta de texto, que foi enviada
aos sindicatos e à ordem [dos enfermeiros]. Até final de setembro haverá
a redação final, para ir a Conselho de Governo e, sendo aprovada,
entrar em vigor ainda este ano”, afirmou, em declarações aos
jornalistas, o titular da pasta da Saúde nos Açores, Clélio Meneses.O
secretário regional falava, em Angra do Heroísmo, à margem de uma
reunião com representantes nos Açores da Ordem dos Enfermeiros, do
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e do Sindicato Democrático
dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR).Os
valores das majorações a atribuir aos enfermeiros ainda não estão
fechados, mas Clélio Meneses admite que possam ser semelhantes aos
previstos para a fixação de médicos na região, nas ilhas com maiores
carências.“O valor será, em princípio,
aproximado ao valor dos médicos, cerca de 40 a 45% [do ordenado base]. É
uma matéria que ainda não está fechada”, adiantou.Segundo
o governante, estão previstas majorações à fixação, por um período de
"três anos", em sete ilhas do arquipélago, com valores diferentes
consoante o grau de carência de enfermeiros.Flores,
Corvo, Santa Maria, Graciosa e São Jorge são definidas como “ilhas
especialmente carenciadas”, tendo acesso a uma majoração da remuneração e
a apoios para alojamento e deslocação.As ilhas do Pico e do Faial são consideradas “carenciadas”, tendo também uma majoração da remuneração, mas de valor inferior.Já
nas ilhas de São Miguel e Terceira, as duas mais populosas do
arquipélago, onde existem escolas de enfermagem, não estão previstos
incentivos, porque normalmente há “uma procura maior do que a oferta de
emprego”.Os enfermeiros que estão já
colocados nas ilhas “especialmente carenciadas” deverão receber
igualmente uma majoração, equivalente a “50% do valor” da majoração
atribuída aos que se fixem na ilha.Além
dos incentivos à fixação de enfermeiros, o Governo Regional está a
negociar com sindicatos e ordem a criação de uma majoração para os
enfermeiros especialistas, em toda a região, que, segundo o titular da
pasta da Saúde, “foram prejudicados ao longo do tempo na respetiva
progressão na carreira”.A criação de
incentivos à fixação de enfermeiros já estava prevista no Plano e
Orçamento da Região para 2022, mas, segundo Clélio Meneses, o Governo
Regional teve “muitas outras questões no âmbito das carreiras de
enfermagem por resolver”, o que atrasou a sua implementação.“Desde
que este governo tomou posse [novembro de 2020], há mais de 243
enfermeiros no Serviço Regional de Saúde. Não é o suficiente, por isso
entendemos que naquelas ilhas onde há um risco de se pôr em causa os
cuidados de saúde, temos que intervir através deste tipo de apoio”,
frisou.De acordo com a Ordem dos
Enfermeiros nos Açores, a região necessita de mais 450 enfermeiros, 120
dos quais nas ilhas consideradas carenciadas e especialmente
carenciadas.“Tendo em conta que a região
só forma 80 enfermeiros por ano, com esta medida julgo que vamos criar
os incentivos, efetivamente, para, pelo menos, levar os enfermeiros a
olharem para estas ilhas como uma opção”, defendeu o presidente da
secção regional da ordem, Pedro Soares.Os
sindicatos de enfermeiros reivindicam uma majoração de 50% da
remuneração base nas ilhas especialmente carenciadas e de 40% nas ilhas
carenciadas, mas saíram da reunião satisfeitos com o compromisso do
executivo açoriano.“Há ilhas que não
conseguem fixar enfermeiros, é óbvio. Vamos partir para uma experiência,
que é necessária, para valorizar de alguma forma quem trabalha nessas
ilhas”, afirmou Francisco Branco, do SEP.“É
um instrumento que poderá ajudar, e muito, à fixação e a criar as
condições seguras para a população dessas ilhas”, acrescentou Marco
Medeiros, do SINDEPOR.Os sindicalistas
destacaram ainda a intenção de criação de uma majoração para os
enfermeiros especialistas, que dizem terem sido "prejudicados" com a
entrada em vigor da nova carreira de enfermagem.“Não
está nenhum valor fechado, mas há a preocupação de, neste processo,
valorizar, de certa forma, o conteúdo do trabalho dos enfermeiros
especialistas”, apontou Francisco Branco.“Ainda
não tem um valor fixo, mas dá-nos boas perspetivas para que na região,
ao contrário do que acontece no resto do país, os enfermeiros realmente
sejam valorizados em termos remuneratórios”, frisou Marco Medeiros.