Governo dos Açores quer "diferenciação positiva" e alargamento de prazo
PRR
14 de out. de 2022, 16:00
— Lusa/AO Online
“O
que o Governo Regional dos Açores pretende é apelar aos responsáveis
nacionais e europeus para que façam uma diferenciação positiva da região
no que respeita à execução do PRR, adequando as metas à realidade
regional e local e atendendo ao estatuto de região ultraperiférica, que
não pode ser apenas um conceito num papel”, afirmou o vice-presidente do
executivo açoriano, em Angra do Heroísmo, na sessão de abertura da
conferência “PRR Açores: um ano de resultados”.Para
Artur Lima, a União Europeia tem de encarar os Açores como uma “região
arquipelágica, insular e ultraperiférica” e tem de ter em conta que o
contexto em que o PRR foi aprovado mudou.“São
variados os fatores externos que têm dificultado a execução do PRR nos
Açores, por isso o estatuto de ultraperiferia deve ser respeitado e
acionado, permitindo que as metas e prazos de execução previstos para o
PRR Açores sejam revistos e definidos”, frisou.O
vice-presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) disse que a guerra
na Ucrânia trouxe “a inflação, a carência de matérias-primas, a falta
de mão de obra, na construção civil, por exemplo, e o aumento do custo
dos combustíveis”, reforçando que estes constrangimentos têm “um peso
brutal numa região que está na periferia da periferia da Europa”.“Nos
Açores, a inflação tem outro peso e escalada dos preços na fileira da
construção civil e na logística associada é ainda maior”, sublinhou.Artur
Lima deu como exemplo os 60 milhões de euros do PRR previstos para a
aumentar as condições do parque habitacional da região, área que tutela,
alegando que entender que essa verba “continua a ser suficiente” é
“persistir no engano”.“Só quem anda muito
distraído é que pode continuar a pensar que é possível cumprir estas
metas no tempo inicialmente previsto e com o mesmo dinheiro”, apontou.Também
presente no encontro, o presidente da Estrutura de Missão Recuperar
Portugal, Fernando Alfaiate, alertou que o “mecanismo que foi criado
pela regulamentação europeia não vai além do período de 2026”,
acrescentando que a mensagem transmitida pela Comissão Europeia é de que
esse prazo é “impossível de ser ultrapassado”, devido aos compromissos
financeiros assumidos.“O investimento é
importante ser concretizado neste prazo de tempo, porque ele necessário.
Não podemos adiar sucessivamente a concretização dos investimentos”,
afirmou.“Não podemos refugiar-nos em ter
mais prazo para concretizar. A nossa economia precisa de investimento,
temos recursos disponíveis, vamos fazê-lo”, acrescentou, desafiando os
responsáveis dos Açores a “meter mãos à obra”.Em
reação, Artur Lima pediu mais “agilidade na resposta” da estrutura de
missão e maior flexibilidade por parte da Comissão Europeia.“Não
posso ter no normativo que a estrutura me dá resposta em cinco dias e
demora cinco semanas, para não dizer cinco meses (...) Não consigo pôr
mãos à obra quando me obrigam para um pequeno investimento a fazer
contratação pública, quando nós sabemos que a contratação pública demora
seis, sete, oito meses”, apontou.“Lembro-me
bem que o PRR foi apresentado como uma bazuca. Depois alguém disse que
era uma vitamina. Espero que não se torne num placebo, porque a
burocracia não é amiga da eficiência e da concretização”, acrescentou.Artur
Lima realçou, por outro lado, que o PRR dos Açores não foi projetado
pelo atual executivo, que tomou posse em novembro de 2020.“Foi-nos
pedido pelo primeiro-ministro António Costa que não procedermos à
alteração do PRR que herdámos do anterior governo [PS] e fizemo-lo de
boa-fé. Provavelmente, não teríamos feito este PRR, mas para não
atrasarmos o PRR nacional tivemos humildade e fomos cooperantes”,
adiantou.Os Açores contam com uma verba de
580 milhões de euros do PRR, tendo 11 investimentos predefinidos e
aprovados pela Comissão Europeia.O
Conselho Económico e Social dos Açores (CESA) alertou na terça-feira
para o atraso da execução do PRR nos Açores, o que levou o PS a
solicitar uma audição urgente no Parlamento açoriano do presidente do
CESA e do secretário regional das Finanças.