Governo dos Açores quer demolições na falésia do porto de Rabo de Peixe
O secretário regional do Mar defendeu hoje a necessidade de fazer demolições numa falésia junto ao porto de pescas de Rabo de Peixe, em S.Miguel, mas adiantou que, para já, não serão necessários realojamentos.

Autor: Lusa/AO Online

"Teremos de requalificar uma parte daquela costa, uma primeira faixa de habitações e de garagens seguramente terá de ser demolida e fazer-se algum tipo de requalificação para aliviar a pressão dessas construções sobre a falésia”, afirmou Fausto Brito e Abreu à saída de uma reunião de trabalho sobre a matéria.

Depois disso, acrescentou, “terá de ser feita uma intervenção para se travar o mais que se puder".

O responsável nos açores pela tutela do mar adiantou que a prioridade passa por "aliviar a carga de construção no topo da falésia", admitindo que não haverá um esforço grande de relocalização de pessoas, já que a zona mais afetada tem "poucas habitações", havendo sobretudo garagens.

"Neste momento, num primeiro inventário, não há imediatamente nenhum realojamento [projetado], contudo, vai ser feita, a partir de amanhã [quinta-feira], uma análise construção a construção e se a zona de ameaça atingir zonas com algumas casas, teremos de tratar do realojamento de algumas pessoas", admitiu o governante.

A situação da esquadra da PSP de Rabo de Peixe, localizada numa das zonas mais ameaçadas e que já tinha sido alvo de um relatório feito pelo Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC), em outubro de 2014, é outra das preocupações, tendo seguido um alerta para o Ministério da Administração.

"Neste momento está sinalizado. Se houver, de facto - como resultado da peritagem que se vai iniciar amanhã [na quinta-feira] - a necessidade de evacuar a esquadra por razões de segurança, haverá uma solução temporária que a Câmara Municipal da Ribeira Grande está a tratar", disse.

Além da segunda ronda de peritagens que decorre na quinta-feira na Falésia junto ao porto de pescas de Rabo de Peixe, a Câmara Municipal da Ribeira Grande vai avançar também com uma intervenção no local.

O plano passa por tentar encontrar soluções de “desvio de águas pluviais que, neste momento, podem agravar a situação da orla marítima", afirmou o autarca Alexandre Gaudêncio à saída da reunião.

O encontro, realizado entre o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia e as autoridades locais, serviu para analisar as conclusões do relatório do LREC sobre a situação em Rabo de Peixe, que apontam para uma situação "crónica e irreversível".

"Existem três tipos de problemas: a erosão pelo mar de uma zona da falésia composta por pedra-pomes e, portanto, facilmente erodível; as águas que escorrem do topo da falésia, que aceleram a degradação; e alguma instabilidade geológica das próprias rochas que compõem aquela área", referiu o documento.