Governo dos Açores queixa-se de falta de resposta da República sobre ex-trabalhadores da Cofaco
29 de abr. de 2021, 17:29
— Lusa/AO Online
“Não
tivemos nenhuma resposta do Governo da República sobre esta matéria dos
trabalhadores da Cofaco da ilha do Pico. Voltámos a insistir com outro
pedido verbal de audiência, também ainda não obtivemos nenhuma
resposta”, disse o vice-presidente do executivo açoriano, Artur Lima,
alegando que enviou uma carta à ministra do Trabalho, Solidariedade e
Segurança Social, Ana Mendes Godinho, no dia 03 de março.O
governante, que tutela a Solidariedade Social nos Açores, reuniu-se esta quinta-feira, em Angra do Heroísmo, com dirigentes do Sindicato dos
Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e
Similares, Comércio e Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo dos
Açores (SITACEHT/Açores).Em maio de 2018, a
conserveira Cofaco, dona do atum Bom Petisco, encerrou a fábrica da
ilha do Pico, despedindo 162 trabalhadores, com o compromisso de abrir
uma nova fábrica até janeiro de 2020, com capacidade inicial para 100
trabalhadores e a possibilidade de aumentar o efetivo até 250, mas,
entretanto, a empresa desistiu de avançar com o projeto.Dois
meses depois, o PCP apresentou um projeto de resolução, aprovado por
unanimidade na Assembleia da República, que recomendava ao Governo a
criação de um “regime especial e transitório de facilitação de acesso,
majoração de valor e prolongamento de duração de apoios sociais aos
trabalhadores em situação de desemprego” na ilha do Pico.A
proposta foi, entretanto, integrada no Orçamento do Estado para 2020,
também por iniciativa dos comunistas, e em setembro de 2020 foi aprovado
um projeto de lei do PSD (com votos favoráveis de todos os partidos,
com exceção da Iniciativa Liberal, que se absteve), que previa a criação
de um programa especial de apoio social para os ex-trabalhadores da
Cofaco do Pico.A lei 70/2020, que prevê a
majoração, em 20%, do valor do subsídio de desemprego e o prolongamento
da sua duração, que é duplicada, bem como a majoração em 25% do abono de
família e em 20% do rendimento social de inserção, foi publicada em 11
de novembro de 2020, mas ainda não foi regulamentada.Segundo
o coordenador do SITACEHT/Açores, Vítor Silva, a “esmagadora maioria
dos trabalhadores da Cofaco” fica sem acesso ao subsídio de desemprego
no próximo dia 05 de maio.“Vão ficar sem
qualquer proteção, daí a urgência e a necessidade de se aplicarem estas
majorações o mais rapidamente possível”, salientou.Para o sindicalista, “não se compreende e não se pode aceitar” que a lei ainda não tenha sido regulamentada.“É muito triste um país em que são as pessoas a exigirem que o Governo cumpra com a lei. A norma devia ser o contrário”, frisou.O
sindicato pediu ao Governo Regional para que “interceda junto do
Governo da República” apelando a que cumpra à lei, mas também que crie
um programa de formação para estes trabalhadores.“Estamos
a falar em trabalhadores que eram os melhores do mundo nas suas
funções, nomeadamente no trabalho com o peixe, mas que precisam de
qualificação e de reabilitação profissional para ingressarem novamente
no mercado do trabalho”, apontou, acrescentando que estão, em média, “na
casa dos 50 anos”.Vítor Silva solicitou
ainda ajuda direta do Governo Regional “do ponto de vista dos apoios
sociais, pelo menos enquanto não for cumprida a lei da República”.“Houve
uma atenção e um comportamento diferente daquele que tinha sido hábito
até aqui. Houve uma maior disponibilidade, agora vamos ver do ponto de
vista prático qual é que vai ser a atuação do Governo Regional dos
Açores”, frisou, à saída da reunião.O
vice-presidente do executivo açoriano disse estar “muito preocupado” com
a situação e comprometeu-se a “insistir” com o Governo da República.“O
nosso compromisso com o sindicato foi voltar a insistir sobre a
necessidade cada vez mais premente de se resolver esta situação de
famílias que começam a entrar em situações de terem de recorrer ao
Rendimento Social de Inserção, o que não é aconselhável e deve ser só em
casos extremos”, avançou.Artur Lima
comprometeu-se ainda a levar ao Conselho de Governo a proposta do
sindicato para criar um programa de requalificação para aqueles
trabalhadores.