Governo dos Açores possibilita que agricultores com explorações “menos eficientes” produzam carne
Covid-19
28 de mai. de 2020, 14:44
— Lusa/AO Online
"A decisão cabe ao produtor" e não é
obrigatória, mas de "adesão voluntária", disse hoje o secretário
regional da Agricultura, João Ponte, após uma reunião com a Associação
Agrícola de São Miguel, em Ponta Delgada.A
medida, acrescentou, irá "permitir que os agricultores mais idosos, com
explorações mais pequenas, menos eficientes, possam aproveitar" a sua
condiçã.O objetivo é também mitigar o
"excesso de produção" nas ilhas de São Miguel, Terceira e Graciosa e
abrangerá os agricultores segundo três critérios: a qualidade do leite, o
tamanho da exploração e a idade do agricultor. "Com
o conjunto destes três requisitos estamos a dar um passo no sentido de
ficarmos com explorações com melhores níveis de desempenho em termos de
qualidade de leite e da sua própria estrutura", realçou João Ponte. O
governante referiu que esta medida para restruturação do setor do
leite, no contexto da crise gerada pela pandemia de covid-19, apresenta
três componentes. Além da componente da
reconversão das explorações de leite para carne, existe a possibilidade
da cessação da atividade agrícola (aprovado no último plenário da
Assembleia Regional) e a opção de os agricultores reduzirem a produção
até 20% e manterem os apoios governamentais e comunitários. "O
que já temos na produção do leite é um desligamento parcial. O produtor
pode reduzir até 20% e mantém as ajudas. É uma proposta completamente
aberta. Permite que jovens agricultores entrem na atividade e continua a
haver ajudas disponíveis", assinalou. O
PSD/Açores apresentou um projeto de resolução na Assembleia Regional que
pretende um "desligamento" da produção agrícola para que os
agricultores recebam o mesmo valor do apoio público, independentemente
da quantidade que produzirem.Sobre a
proposta social-democrata, João Ponte frisou que caso seja um
"desligamento total" da atividade é um "caminho muito perigoso", que
poderia "contribuir para a desertificação". "A
região precisa de produção, de criar emprego, de manter postos de
trabalho. Isso faz-se é com produção, não é com desligamentos totais",
referiu. O presidente da Associação
Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, disse ter tido uma "reunião
produtiva" com o Governo e considerou os critérios para os apoios
"positivos", uma vez que permitem "subir para patamares acima" na
qualidade do leite açoriano. "Os critérios
vão ao encontro daquilo que pretendemos. Se pretendemos que os
agricultores saiam de forma positiva do leite para a carne, estão
identificados aqueles que têm mais dificuldade em ter leite de
qualidade", realçou. Jorge Rita defendeu
que o desligamento total "não faz qualquer tipo de sentido" e previu que
as iniciativas do governo possam ajudar a aumentar o preço do leite
pago ao produtor. "Se as indústrias
precisarem de leite, vão ter de pagar mais para ter mais leite. Se
tiverem excedentes, vão sempre pagar menos", frisou Rita. O
representante dos agricultores micaelenses disse também que o covid-19
provocou alguma quebra de rendimentos, mas realçou que o "setor agrícola
foi se calhar aquele que teve menos impacto negativo" quando comparado
com os prejuízos de outras atividades.