Governo dos Açores mantém endividamento zero na nova proposta de Orçamento para 2024
30 de abr. de 2024, 19:58
— Lusa
“O Governo Regional, incluindo
os serviços e fundos dotados de autonomia administrativa e financeira,
deve fazer face às necessidades de financiamento decorrentes da execução
do Orçamento da Região Autónoma dos Açores, sem recorrer ao aumento do
endividamento líquido”, lê-se na proposta de decreto legislativo
regional do Orçamento da Região para 2024, a que a agência Lusa teve
acesso.O executivo açoriano prevê um
investimento público direto de 739,7 milhões de euros, um valor idêntico
ao previsto no Orçamento que foi reprovado em novembro de 2023 no
parlamento regional e que representa aumento de 14,9% face ao Orçamento
de 2023.Na proposta que foi entregue hoje
na Assembleia Legislativa, o Governo Regional realça que as
transferências da União Europeia, de cerca de 387 milhões de euros, e do
Orçamento do Estado, de cerca de 378,2 milhões, são “essenciais para
uma elevada execução financeira do plano de investimentos”.Os
documentos preveem um aumento de 8,1% nas despesas de funcionamento em
“resultado dos esforços necessários para o setor da saúde e da educação,
bem como para outros juros e encargos”.O
aumento nas despesas de funcionamento acontece apesar da diminuição das
verbas destinadas às “aquisições de bens e serviços e de bens de
capital, com reduções de 5,9 % e 3,2%, respetivamente.Nos
documentos, o Governo dos Açores defende a “opção de financiamentos a
taxa fixa”, mas revela a inscrição de 70 milhões de euros para fazer
face aos encargos da dívida indexada a taxa variável“Não
obstante o reforço de emissões a taxa fixa, na componente da dívida
regional indexada a taxa variável, o peso dos juros tem sofrido um
aumento significativo, o que determina a inscrição, em 2024, de uma
dotação orçamental de 70 milhões de euros”, adianta o executivo.No
Orçamento para 2024, o Governo Regional diz cingir-se a “uma gestão
criteriosa da dívida, nomeadamente, através de uma operação de
transformação de dívida comercial em dívida financeira” do Serviço
Regional de Saúde, num “montante máximo de 75 milhões de euros”.No
Plano, o executivo regional destaca que a “grande parte dos esforços de
investimento público” previstos está "concentrada na execução dos agora
18 investimentos” do Plano de Recuperação e Resiliência e na execução
do programa operacional do Açores 2030.“Se
nos move o imperativo de executar, financeiramente, estes
investimentos, um desiderato transversal a todas as áreas de governação,
move-nos também a imprescindibilidade de realizar investimentos
estruturais, potenciadores de efeitos multiplicadores em toda a
sociedade”, lê-se no Plano de Investimentos para 2024.Nas
Orientações de Médio Prazo, documento submetido no início das
legislaturas, o Governo dos Açores prevê diminuir o valor do
investimento no total da despesa pública regional até 2028.Em
2024, o investimento público previsto é de 432 milhões de euros (a que
se soma 142 milhões de consumo público, 121 milhões de incentivos aos
privados e 35 milhões de apoio às famílias).Em
2028, o executivo prevê que o investimento público fique em 351 milhões
de euros, o consumo público em 160 milhões e os incentivos aos privados
e os apoios às famílias em 131 e 46 milhões de euros respetivamente.O
Governo dos Açores destaca que as Orientações de Médio Prazo assentam
em “cinco premissas”: uma “governação que tem como prioridade primeira
as pessoas e famílias”, uma “governação reformista”, uma “governação de
diálogo”, uma “governação que promove a qualificação” e uma “governação
que fortalece o tecido empresarial”.É a
segunda vez que o Governo regional liderado por José Manuel Bolieiro
apresenta uma proposta de Plano de Investimentos para este ano, depois
de a anterior ter sido rejeitada na Assembleia Legislativa, em novembro,
com os votos contra de PS, BE e IL e a abstenção de Chega e PAN, o que
levou o Presidente da República a convocar eleições antecipadas.O
novo governo de coligação PSD, CDS-PP e PPM, saído das eleições
legislativas antecipadas de 04 de fevereiro, governa a região sem
maioria absoluta no parlamento açoriano e, por isso, necessita de
negociar o apoio de alguns partidos com assento parlamentar para aprovar
as suas propostas.O Programa do Governo
foi aprovado em março no parlamento, com os votos favoráveis dos três
partidos que formam o executivo, a abstenção de Chega, IL e PAN e os
votos contra do PS e do BE.O debate e votação das propostas de Plano e Orçamento para 2024 está previsto para 21 de maio.