Governo dos Açores mais pequeno com saída de quatro secretários e entrada de dois
18 de abr. de 2022, 11:49
— Lusa/AO Online
"É um governo que é mais pequeno, mais coeso.
Passa a corresponder a uma mudança que não é meramente cosmética, é
profunda e assegura, sobretudo, através das personalidades para ações
nas áreas económica e financeira, experiência política e governativa,
que nos permitem ter como certo que não haverá nenhum atraso nos
processos, pelo contrário, mais eficácia, mais coesão", afirmou o
presidente do executivo açoriano, em Angra do Heroísmo, à margem de uma
reunião com o Representante da República para a Região Autónoma dos
Açores, Pedro Catarino, a quem apresentou os novos nomes dos membros do
executivo.Com esta remodelação, saem do
executivo açoriano quatro secretários regionais: Joaquim Bastos e Silva
(Finanças, Planeamento e Administração Pública), Mário Mota Borges
(Turismo e Energia), Susete Amaro (Cultura, Ciência e Transição Digital)
e Ana Carvalho (Obras Públicas e Comunicações).O
secretário regional da Juventude, Qualificação Profissional e Emprego,
Duarte Freitas, passa a assumir as pastas das Finanças, Planeamento e
Administração Pública, entrando para o seu cargo a ex-deputada
social-democrata Maria João Carreiro.A
antiga líder do PSD/Açores Berta Cabral será a nova secretária regional
do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, assumindo ainda a área da
Energia.Já a secretária regional da Educação, Sofia Ribeiro, passa a titular também os Assuntos Culturais.A
presidência do Governo Regional vai tutelar as áreas das Comunidades e
Comunicações e o processo de criação do porto espacial em Santa Maria,
enquanto a vice-presidência ficará com a área da Ciência.À
saída do encontro com o Representante da República, a quem compete a
exoneração e nomeação de membros do Governo Regional, Bolieiro defendeu
que a remodelação é "natural" e corresponde às mudanças da "dinâmica da
vida social, económica e política"."Os
tempos são muito difíceis e é preciso assegurar estabilidade
governativa. É um imperativo do nosso futuro coletivo e em particular
dos Açores e dos açorianos", frisou, acrescentando que "importa
assegurar experiência política e uma eficácia dos modelos de decisão e
de opção".Questionado sobre o facto de
saírem do executivo apenas secretários regionais indicados pelo PSD,
José Manuel Bolieiro disse que não estiveram em causa cores políticas."Fiz
o enquadramento daquelas pastas em que, para uma opção de remodelação,
que passa pela coesão e pela introdução de experiência governativa, esta
solução é a mais adequada. Não olhei à origem partidária, mas à
oportunidade de ter um governo mais pequeno, mais coeso e com forte
experiência política e governativa", apontou.O
presidente do executivo deixou uma "palavra de reconhecimento e
gratidão pelo excelente trabalho e dedicação de todos os membros do
governo que agora deixam de o ser", assegurando que saem "pelo momento
político e não pela personalidade, nem pela qualidade da sua dedicação"."Este
XIII Governo teve uma intensidade de trabalho, de dedicação e de
mudanças que realizou perante um legado tão difícil, que só posso eu, e
os açorianos em geral, estar grato ao trabalho e à dedicação dos que
agora deixaram de ser membros do governo", reforçou.Bolieiro
rejeitou que a saída do secretário regional das Finanças, Joaquim
Bastos e Silva, esteja relacionada com o processo das Agendas
Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que deu
origem a uma comissão de inquérito no Parlamento açoriano. "Tem
a ver com o contexto político em geral. Se há pessoa que provou máxima
dedicação e empenho também foi, a par dos outros membros do Governo,
Bastos e Silva, numa pasta tão importante como a das Finanças e com um
legado tão difícil", realçou.Os novos secretários regionais tomam posse na terça-feira na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.A orgânica completa deverá ser publicada na quarta-feira, depois de aprovada em Conselho de Governo, na terça-feira à noite.As
mudanças nas direções regionais ainda não são conhecidas, mas segundo o
presidente do executivo está prevista uma diminuição. "Haverá
também uma redução de direções regionais, duas direções regionais a
menos por fusão de atuais direções regionais, bem como também ao nível
de subdireções", avançou.O atual Governo
Regional, que resulta de uma coligação entre PSD, CDS-PP e PPM e tem
apoio parlamentar de outros três deputados (CH, IL e independente),
tomou posse em novembro de 2020, depois de o PS, que governava a região
há 24 anos, ter vencido as eleições sem maioria absoluta.Em
novembro de 2021, dias antes da discussão do Plano e Orçamento da
Região para 2022, o deputado único do Chega, José Pacheco, disse que a
continuidade do apoio do partido ao Governo Regional estava dependente,
entre outras matérias, de uma remodelação governativa, que o presidente
do executivo lhe teria dito estar "para breve".A
06 de abril, o deputado do Chega avançou à Lusa que o apoio ao
executivo tinha acabado, alegando que continuava "sem eco" das propostas
apresentadas para viabilizar o Orçamento da Região, incluindo a
remodelação governativa.A Assembleia
Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual
legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois
do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado
independente (eleito pelo Chega). PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação.A
coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega
e com o deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) e o PSD um
acordo com a IL, o que garante os três votos necessários a uma maioria
absoluta dos partidos do Governo no parlamento.