Governo dos Açores garante transição "pacífica" das competências da SPRHI
20 de dez. de 2018, 17:22
— Lusa/AO Online
“Neste
momento, foi possível proceder a uma transferência pacífica, quer do
património da SPRHI para a região, de todos os contratos que tem
estabelecidos com os inquilinos da região, que era uma questão
fundamental e importante de ser garantida, e também do pessoal afeto.
Estão garantidas as condições para que as funções que eram cumpridas
pela SPRHI sejam cumpridas pela Direção Regional, sem prejuízo para
nenhuma destas partes envolvidas”, afirmou Andreia Cardoso, em
declarações aos jornalistas.A
responsável pela tutela da habitação foi ouvida, na delegação de
Ponta Delgada da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, pela
Comissão Eventual de Inquérito ao Setor Público Empresarial Regional
(SPER) e Associações Sem Fins Lucrativos Públicas, a propósito da
extinção da SPRHI, formalizada com a publicação do Decreto
Legislativo Regional n.º 15/2018/A em Diário da República.Sobre
a decisão de extinção, explicou que foi “uma decisão política” e que,
“da avaliação que o Governo Regional fez sobre esta matéria, entre as
vantagens e desvantagens de existência da SPRHI, pesavam, nesta fase,
mais as vantagens na sua extinção”.A
empresa foi criada em 2003 para apoiar a reconstrução de habitações
danificadas pelo sismo de 1998 que abalou as ilhas do Pico e do Faial,
uma vez que, até então, o processo decorria com o co-financiamento do
Governo da República, mas “a determinada altura, muda o contexto do
Governo da República e muda também a vontade de financiar a
reconstrução”.A
SPRHI acabou por assumir, também, a gestão de um conjunto de mais de
1200 habitações, bem como “um conjunto de investimentos, como a
reabilitação da rede viária ou na área escolar”, explicou a governante.Sobre
as acusações feitas durante a audição pelo deputado Artur Lima, do
CDS-PP, que citou um relatório do Tribunal de Contas, que considerava
que a SPRHI era utilizada como recurso “ao endividamento à margem dos
limites legais”, Andreia Cardoso afirmou que “essa é uma questão que não
corresponde à verdade, até porque a SPRHI é uma empresa que consta do
perímetro da região e, portanto, consolida as suas contas com as contas
da região”.A
secretária regional destacou como positivo que “o que é entregue à
região é uma empresa que entrega um ativo superior ao passivo”, com um
passivo de 170 milhões de euros, que corresponde a 11% da dívida do
Setor Público Empresarial Regional (SPER), e um ativo de 190 milhões de
euros.Esse é
“também um dos motivos que leva a região a assumir esta responsabilidade
de gerir o património que a SPRHI geria, com mais de mil famílias nos
Açores, e assumindo a continuidade dos investimentos que a SPRHI tinha
em curso”, defendeu.A
audição foi requerida por CDS-PP e PSD, mas, como já tinha acontecido
durante esta quarta-feira e na audição desta manhã ao secretário
regional do Mar, Ciência e Tecnologia, o PSD não colocou questões,
alegando que existe uma investigação em curso e que as audições da
comissão não devem coincidir com inquéritos judiciais.A
SPRHI foi extinta no âmbito da reestruturação do SPER, anunciada em
fevereiro, que decretou a redução da participação direta e indireta do
Governo Regional em 17 empresas, extinguindo, também, a Saudaçor.