Governo dos Açores garante que não atribuiu apoios ao cabo submarino da Google
30 de jul. de 2024, 17:04
— Lusa/AO Online
“Não houve nenhum apoio
do Governo Regional à Google. A decisão foi da Google. É um
investimento privado que a Google está a fazer nos Açores e se a Google
escolheu os Açores para amarrar um cabo devia ser motivo de satisfação
de todos os açorianos e, sobretudo, das empresas”, afirmou, em
declarações à Lusa, o vice-presidente do executivo açoriano, Artur Lima.O
cabo submarino da Google, designado por “Nuvem”, que vai ligar os
Estados Unidos da América a Portugal, com amarração nas Bermudas e nos
Açores, foi apresentado na passada sexta-feira, em Ponta Delgada, na ilha de São
Miguel, e foi considerado um projeto de “relevante interesse público”
pelo Governo Regional.Em comunicado de
imprensa, a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) questionou
hoje se o executivo comparticipou o projeto e em que montante.“Pelo
histórico é claro que não foi a Google que escolheu os Açores, mas sim
os Açores que procuraram a Google, o que é perfeitamente legítimo. A
questão é saber quanto é que isto custou à região, quem pagou e quais as
implicações no cabo CAM [Continente-Açores-Madeira], que, pelo que é
publico, ainda não tem financiamento garantido”, apontou.A
associação empresarial das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa alegou
ainda que, em 2015, a Google esteve interessada em instalar um cabo
semelhante, mas amarrando-o à ilha Terceira, e que o Governo Regional da
altura não quis apoiar o investimento em 40 milhões de euros, porque
pretendia que o cabo fosse amarrado em São Miguel.Questionado
sobre as questões levantadas pela CCAH, o vice-presidente do executivo
açoriano disse que não têm qualquer fundamento.“Se
houvesse um investimento desse montante, naturalmente, haveria no
orçamento, no plano regional, referência a esse montante. 40, 50, 60
milhões de euros não passam assim escondidos. Nenhum presidente do
governo, nem deste governo nem do outro, nem nenhum Conselho de Governo
conseguiria aprovar isso sem ter verba cabimentada. Se fossem fundos
comunitários mais fiscalizados ainda seriam”, argumentou.Artur
Lima, que tutela as áreas da cooperação externa e a ciência e inovação,
disse que não podia “responder pelo Governo da República”, mas
assegurou que “não houve nenhum investimento do Governo Regional, nem
nenhuma subsidiação a Google”.“Eu acho que
o senhor presidente da Câmara de Comércio de Angra deve apresentar os
documentos comprovativos das afirmações que faz, sob pena de estar a
faltar à verdade e isso é muito grave”, declarou.O governante rejeitou ainda que o cabo da Google tenha tido “prioridade” sobre o cabo Continente-Açores-Madeira (CAM).“O
senhor presidente da câmara de comércio diz que a Google teve
prioridade sobre o CAM, está mal informado, faz uma afirmação que não é
verdadeira. O cabo Continente-Açores-Madeira não tem nada a ver com isto
e já foi assinado, em março, o contrato da sua implementação entre a IP
Telecom, que é um investimento da República, e a empresa que vai passar
o cabo”, salientou.Quanto ao interesse da
Google em amarrar o cabo na ilha Terceira, em 2015, Artur Lima disse
que só responde pelo presente, mas que não tem qualquer referência ou
documento sobre essa intenção.“Não houve nenhuma tentativa de pressão para que o cabo amarrasse em São Miguel. Foi uma escolha da Google, técnica”, salientou.“Todos
nós devíamos estar satisfeitos com isso. O Governo está muito
satisfeito com isso e obviamente que acarinha muito deste projeto e
acarinhará todos os que possam vir nesse sentido, quer amarrem nas
Flores, no Faial, na Terceira ou na Graciosa, desde que seja um
investimento que traga retorno”, acrescentou.