Governo dos Açores focado na reestruturação da SATA sem “contornar regras”
17 de dez. de 2020, 16:43
— Lusa/AO Online
À
saída de uma audiência, na residência oficial do Governo dos Açores, em
Ponta Delgada, com o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de
Ponta Delgada, Mário Fortuna, o líder do executivo regional declarou que
o “propósito é a defesa da SATA, cumprir as regras, deixar uma mensagem
de tranquilidade aos trabalhadores, à administração da empresa, apelar
ao seu profissionalismo e à sua dedicação máxima, com o apoio do
Governo”.O secretário das Finanças do
Governo dos Açores avançou a 10 de dezembro que o plano de
reestruturação da transportadora SATA tem de ser apresentado em Bruxelas
até 18 de fevereiro e este será um processo, reconheceu, "duro e muito
difícil".Joaquim Bastos e Silva reiterou
ainda que, antes de o plano ser apresentado à Comissão Europeia, a SATA
tem de devolver à região 73 milhões de euros resultantes da investigação
comunitária a três aumentos de capital na empresa.Fonte
da Comissão Europeia afirmou, no entanto, a 09 de dezembro, à Lusa,
que a investigação aberta às ajudas à SATA "continua", após o Governo
dos Açores ter dito que Bruxelas já tinha considerado estes apoios
ilegais. O líder do executivo regional
adiantou que o Governo dos Açores é cumpridor "das regras e transparente
na informação pública das realidades"."Isso,
pelo contrário, intensifica a nossa defesa, em nome da região, da nossa
economia, de uma empresa e área de negócios que é vital para os Açores,
para os açorianos e até para o cumprimento dos objetivos europeus da
continuidade territorial", afirmou.José
Manuel Bolieiro frisou que tem de haver “compreensão dos
constrangimentos da ultraperiferia e da dispersão geográfica, que
precisa obviamente de apoio para cumprir o princípio da continuidade
territorial” europeia.O chefe do executivo
açoriano reiterou que não se vai deixar “conduzir por contornar as
regras, mas por cumpri-las e resolver os problemas, de forma inequívoca,
na defesa do superior interesse da região, colocando o foco naquilo que
é essencial”, que considerou ser a reestruturação da SATA.“Não
é contemplando o problema que se resolve o problema, é sobretudo
conhecendo a sua profundidade e trabalhando nas soluções para o
resolver”, disse.As dificuldades
financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014, altura em que a
companhia aérea detida na totalidade pelo Governo Regional dos Açores
começou a registar prejuízos, entretanto agravados pela pandemia da
covid-19.As duas transportadoras aéreas do
grupo SATA fecharam o primeiro semestre do ano com prejuízos de cerca
de 42 milhões de euros, que comparam com perdas de 33,5 milhões no
período homólogo.De acordo com as
demonstrações financeiras das empresas públicas regionais, é referido
que a Azores Airlines (que opera de e para fora do arquipélago) teve
prejuízos de 34,5 milhões de euros entre janeiro e junho, ao passo que a
SATA Air Açores, que voa no arquipélago, teve perdas de 7,6 milhões de
euros.Todavia, em 2019, os prejuízos
globais do grupo já tinham sido de 53 milhões de euros, valor em linha
com a perda registada em 2018.