Governo dos Açores espera avanços na próxima reunião bilateral com EUA
26 de out. de 2017, 06:13
— Lusa/AO Online
Aos jornalistas,
na ilha de Santa Maria, onde se iniciou a visita do Presidente da
República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao grupo oriental do arquipélago,
Vasco Cordeiro começou por explicar que na última reunião desta
comissão, em junho, em Washington, “os interlocutores da parte dos Estados Unidos da América (EUA) não estavam ainda atualizados”,
decorrente da mudança na administração norte-americana com a eleição de
Donald Trump.“Havia pessoas que estavam em final de mandato,
havia outras pessoas que relativamente às quais estava pendente uma
decisão da sua continuação ou não e outras pessoas por nomear e para
ocupar determinados cargos”, adiantou, referindo que a região tem de
“ter interlocutores da parte nos Estados Unidos” para tratar desta
matéria.Vasco Cordeiro adiantou que espera, na comissão bilateral
permanente que reunirá em dezembro, que “já seja clara” a identificação
desses interlocutores e se possa, após eles se terem inteirado deste
dossiê, avançar no assunto.Questionado sobre se receia que, com a
mudança na presidência dos EUA, as negociações sejam ainda mais
difíceis, o governante declarou: “Com a configuração que este assunto
tem neste momento, prefiro aguardar pelo menos pela próxima bilateral”.O
chefe do executivo açoriano reiterou que a questão da contaminação é,
em última instância, uma responsabilidade do Estado português e que há
fundamento legal na Lei de Finanças Regionais para essa perspetiva”.“Nós
entendemos, não é com este Governo da República, já foi com anteriores
governos da República, que essa responsabilidade deve ser assacada pelo
Governo português ao Governo dos Estados Unidos”, disse.Vasco
Cordeiro frisou que o Governo dos Açores “tem, desde que este assunto se
colocou, uma posição clara, coerente, transparente e de grande
trabalho”, apontando a evolução nesta matéria resultado do trabalho em
vários fóruns e não apenas na comissão bilateral permanente.Em
1995, Portugal e os EUA assinaram, em Lisboa, o Acordo de Cooperação e
Defesa. Esse documento inclui também o acordo técnico, que regulamenta a
utilização da base das Lajes e outras instalações militares
portuguesas, e o acordo laboral, que regula a contratação de
trabalhadores nacionais na base açoriana.O protocolo criou a
comissão bilateral permanente, que ficou incumbida de promover a sua
execução e a cooperação entre os dois países.Na sequência do
anúncio, a 08 de janeiro de 2015, da redução da presença norte-americana
nas Lajes, os Açores apresentaram um plano de revitalização económica
da Terceira, no qual pedem ao Governo nacional que assegure junto dos
EUA 167 milhões de euros anuais, durante 15 anos, para a ilha.Mais
de metade dessa verba - 100 milhões de euros anuais - tem como destino a
"reconversão e limpeza ambiental" de infraestruturas e terrenos
construídos e ocupados pelos Estados Unidos ao longo dos mais de 60
anos, alguns deles com problemas já diagnosticados de contaminação.Em
2005, num estudo realizado pelos militares norte-americanos, foram
identificados 35 locais contaminados com hidrocarbonetos e metais
pesados nos solos e aquíferos da ilha Terceira. A contaminação foi
confirmada, em 2009, por estudos do Laboratório Nacional de Engenharia
Civil.