Governo dos Açores e Câmara da Horta recusam redução da pista do aeroporto
28 de jul. de 2021, 10:18
— Lusa/AO Online
“Tudo aquilo que for
para piorar a situação atual da pista, não faz qualquer sentido”,
afirmou a chefe de gabinete do secretário regional dos Transportes, Ana
Albergaria, em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião do
Grupo de Trabalho criado pelo Governo da República, realizada na ilha do
Faial, para avaliar a necessidade de ampliação da pista do Aeroporto da
Horta.Segundo explicou esta representante
do executivo açoriano, o Grupo de Trabalho vai analisar várias soluções
para a ampliação da pista, mas garantiu que a ideia de criar as RESA
('runway and safety areas') dentro da atual pista, sem primeiro ampliar a
infraestrutura, “certamente não vai avançar”.A
pista do Aeroporto da Horta, situado na freguesia de Castelo Branco, na
ilha do Faial, tem cerca de 1.700 metros de comprimento, o que obriga
os aviões A320 da Azores Air Lines, nas ligações entre Lisboa e a Horta,
a operar com penalizações, tanto de carga como de passageiros, devido
ao reduzido tamanho.A Agência Europeia
para Segurança Aérea impõe, no entanto, que este tipo de infraestruturas
possua novas zonas de segurança (RESA), obrigação que implicaria o
aumento da pista em 90 metros em cada cabeceira da pista, embora as
forças vivas locais reivindiquem uma expansão para além dos dois mil
metros de comprimento.“Se as RESA forem
efetuadas dentro da pista atual, nós perdemos a oportunidade de
continuar a voar para Lisboa”, alertou o presidente da Câmara Municipal
da Horta e membro do Grupo de Trabalho, José Leonardo Silva, para quem a
ideia sugerida por um representante da ANA, de criar as zonas de
segurança sem ampliar a pista, “não faz qualquer sentido”.O
autarca socialista entende que só se justifica fazer “um aumento real
da pista” até, pelo menos, 2050 metros de comprimento, como propõe um
estudo mandado elaborar pelo município, em 2017, que estima que o custo
desta obra possa rondar entre os 35 e os 37 milhões de euros.“Nós
temos a ambição de voar, não só para Lisboa, mas voar o mais longe
possível”, insistiu José Leonardo Silva, adiantando que, se existem
fundos comunitários disponíveis para este tipo de obras, e se existe
vontade em investir, “esta é uma oportunidade única” para concretizar a
obra.Além da Câmara da Horta, também
outras forças políticas do Faial manifestaram, entretanto, o seu
desagrado, perante o alegado recuo da ANA/VINCI em efetuar uma ampliação
real da pista do Aeroporto da Horta.“Esta
possibilidade representa uma declarada falta de respeito para com a
população e mostra que a presença dos representantes da ANA/VINCI no
Palácio de Santana, com [José Manuel] Bolieiro, não passou de uma
manobra de distração”, lamentou a CDU/Faial, em comunicado, referindo-se
a uma reunião entre a Administração da ANA e o presidente do Governo
Regional, em março passado.Também o
PSD/Faial condenou, em comunicado, a possibilidade de a pista do
Aeroporto da Horta vir a ser reduzida, devido à criação das novas zonas
de segurança, acrescentando que aquela infraestrutura tem de ser
ampliada para 2050 metros de comprimento, “numa parceria entre o Governo
da República, a ANA e a Região, com candidatura a fundos comunitários”.O
presidente do executivo açoriano, José Manuel Bolieiro, já tinha
manifestado publicamente, no início desta legislatura, a intenção de
colaborar com o Governo da República e com a ANA/VINCI (empresas que
gerem o Aeroporto da Horta), no sentido de encontrar uma solução para o
financiamento das obras de ampliação daquela infraestrutura.