Governo dos Açores diz que tem “visão de futuro” para o setor das pescas
Hoje 09:18
— Lusa/AO Online
“O
Governo tem uma visão de futuro, tem um programa, sabe para onde é que
vai e tem quatro áreas em que está a trabalhar”, disse Mário Rui Pinho
no segundo dia do debate do Plano e Orçamento da região para 2026, na
Assembleia Regional, na Horta, na resposta a críticas do deputado
socialista Gualberto Rita.O governante
elencou que a primeira área é a da macropolítica e afirmou: “Os senhores
[da bancada do PS] lembram-se que não acreditavam que o Governo fosse
capaz de implementar o plano de situação de ordenamento do espaço
marítimo. Os senhores lembram-se [de dizer] que o Governo não era capaz
de implementar as áreas marinhas protegidas”.Acrescentou
que nas áreas marinhas protegidas “está quase tudo implementado” e o
executivo “está com todos os processos em desenvolvimento, no prazo”.O
Governo Regional tem também todos os programas de monitorização e “está
à vista o relatório de bom estado ambiental da região”.Uma
segunda ação tem a ver com a reestruturação das infraestruturas da
Lotaçor para intervenção no sistema de forma sustentável e realista, e a
terceira visa reestruturar o setor para “adaptação do tamanho da frota”
às disponibilidades dos recursos.Por
último, o Governo Regional tem como objetivo o desenvolvimento da
economia azul, o que, explicou, tem a ver com as atividades emergentes e
as tradicionais.“Ó senhor deputado
acorde. O senhor está no dia de ontem, olhe para o futuro. Meta-se na
proa do seu barco e olhe para o rumo. O senhor está a olhar para a
espuma do barco”, disse Mário Rui Pinho ao deputado Gualberto Rita.O
parlamentar do PS tinha dito, momentos antes, que o executivo “não tem,
até hoje, um plano estratégico regional para as pescas”.“Não
definiu como o implementar, nem como o financiar. Falta visão, falta
planeamento, falta execução e falta, sobretudo, responsabilidade
política”, disse.Segundo Gualberto Rita, o que está em discussão “não é apenas um Orçamento, é o destruir do setor da pesca”.“É
uma escolha política com consequências profundas para o futuro da
economia do mar. É um ataque frontal à ciência e aos trabalhadores que
diariamente dão vida à pesca açoriana. O PS não ficará calado perante
este retrocesso”, garantiu.Para o
socialista, o Plano e Orçamento 2026 deveria reforçar o mar, os
pescadores e o conhecimento científico, mas aquilo que o Governo
apresenta “vai, exatamente, no sentido contrário”: “Em vez de reforço,
temos fragilização. Em vez de visão, temos cortes. Em vez de estratégia,
temos riscos sérios para toda a economia do mar”.Pelo Chega, Olivéria Santos referiu que nas pescas “está tudo pior” e os pescadores sentem-se “abandonados e desprotegidos”.A
classe piscatória está envelhecida e os pescadores que estão na
atividade “pensam desistir”, porque “já não aguentam mais”, disse a
deputada, acrescentando que “os pescadores vão deixar de trabalhar e
passar a subsidiodependentes. Isto é lastimável”.Jorge
Paiva (CDS-PP) reconheceu que o mar “continua a ser uma das maiores
riquezas dos Açores” e nos últimos anos têm sido dados passos na sua
valorização.Por sua vez, o
social-democrata Carlos Freitas admitiu que “não está tudo bem, mas está
longe de estar ao nível do que o PS passa para a sociedade”.O
parlamentar apontou vários exemplos da importância económica das pescas
para a região, indicando, como exemplo, que em 2019, em 15 espécies de
pescado, o rendimento obtido foi superior a 15 milhões de euros e, este
ano, até 31 de outubro, foi de 32,7 milhões.A
intervenção do social-democrata recebeu reparos de Nuno Barata (IL), ao
salientar que não apresentou o gráfico relativo ao aumento dos custos
da exploração das embarcações de pesca que “subiram exponencialmente”
nos últimos dois anos.