Governo dos Açores diz que redução de contingente para alunos açorianos discrimina a região
9 de jan. de 2023, 18:42
— Lusa/AO Online
“Isto,
no nosso entender, é uma discriminação negativa da Região Autónoma dos
Açores e um pouco extemporânea e inesperada, porque não foram
consultados os órgãos de governo próprio e nem sequer a Universidade dos
Açores, o que nos parece que não faz nenhum sentido”, afirmou, em
declarações à Lusa, o vice-presidente do executivo açoriano, Artur Lima,
que tutela a Ciência e Tecnologia.O
vice-presidente do Governo Regional dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM)
considerou que a redução do contingente será um “entrave
grande a que os alunos [açorianos] prossigam os seus estudos”.“É
uma medida altamente lesiva das famílias açorianas, do desenvolvimento
do Açores, da coesão social e da coesão territorial”, salientou.Artur Lima disse ter recebido com “espanto e muito desagrado” o que descreveu como uma “triste e desagradável notícia”.“Temos
de reprovar esta redução de mais de 50%. Passa de 3,5% para 2%. É uma
redução muito significativa, quando os Açores têm praticamente 13% de
licenciados, a Madeira 15% e o continente 18%”, frisou.O
titular das pastas da Ciência e Tecnologia do executivo açoriano
lembrou que o primeiro-ministro, António Costa (PS), elegeu o aumento do
número de licenciados em Portugal como “desígnio nacional” e alegou que
o Governo da República “começa a ser hostil à Região Autónoma dos
Açores”.“Há que haver uma discriminação
positiva para os Açores e não uma discriminação negativa, como o Governo
da República está a fazer, contrariando o desígnio nacional do senhor
primeiro-ministro, a não ser que o senhor primeiro-ministro considere
que os Açores já não fazem parte do território nacional, por terem um
governo de uma cor diferente do governo que está na República”, vincou.Apesar
de a população dos Açores representar 2,5% da população nacional, o
governante defendeu que o contingente de vagas para a região
deve aumentar de 3,5% para 5%, por ter “menos licenciados”, sobretudo em
áreas em que estão identificadas carências, como medicina e engenharia.Artur
Lima revelou que vai se reunir na terça-feira com o presidente do
Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, para decidir que
medidas irá o executivo açoriano tomar, mas disse esperar que a medida
não avance.“Tenho esperança de que o
Governo da República arrepie caminho e que isto tenha sido uma medida
que não foi devidamente refletida e que pelo menos mantenham o
contingente dos 3,5%”, adiantou.