Governo dos Açores diz que limites de produção de leite penalizam produtores
17 de jan. de 2019, 20:00
— Lusa/AO Online
“Muitos
deles [produtores] realizaram projetos de investimento para aumento da
produção”, sendo agora confrontados com a decisão da Unicol - União das
Cooperativas de Lacticínios Terceirense, afirmou João Ponte, que falava
aos jornalistas à margem de uma sessão de apresentação do programa
comunitário POSEI para agricultores da ilha de São Miguel, na sede da
associação agrícola, na Ribeira Grande.Segundo
a Antena 1 Açores, cerca de 300 produtores, um universo de cerca de 50%
do total da ilha, foram confrontados com multas pela Unicol por terem
excedido os limites de produção, o que representa, segundo o presidente
da Associação Agrícola da Ilha Terceira, José António Azevedo, menos 240
mil euros no pagamento do preço do leite.Considerando
que a situação da produção na Terceira “é diferente” do restante
território açoriano, o titular da pasta da Agricultura afirmou que a
manutenção dos limites de produção está agarrada “a um passado que, na
verdade, é diferente do presente”.No
caso específico de São Miguel, o caso dos limites de produção por parte
da indústria é para o governante “muito diferente”, uma vez que surgem
“num outro patamar” de ajustamento da produção ao que foi a evolução do
setor leiteiro.João
Ponte defendeu que o foco na ilha Terceira “também deve estar na
inovação” no setor e disse que já transmitiu esta mensagem ao presidente
da Lactogal – Produtos Alimentares, S.A., que tem o “privilégio de ter
no seu grupo leite produzido nos Açores”, uma “mais-valia que tem de ser
aproveitada em termos de valorização”.O
secretário regional frisou que para assegurar o sucesso do setor “é
preciso também ter produtores capazes de manter as suas explorações
sustentáveis”, o que "não será possível" com limites de produção e o
preço pago por litro de leite na Terceira.Também
em declarações aos jornalistas, o presidente da Associação Agrícola da
Ilha de São Miguel, Jorge Rita, defendeu que o abate do gado na região
deveria ter maior expressão, sendo “parte dos apoios (públicos) que hoje
existem direcionados” para esta pretensão.Para
o representante da lavoura de São Miguel, o abate do gado deveria ser
facultativo e desta forma importava-se menos alimento - algo que tem
sido mais frequente devido à seca que afetou o setor em 2018 – e
combatia-se o “discurso absurdo da indústria que se está a produzir a
mais”.No
capítulo do POSEI - Programa de Opções Específicas para o Afastamento e a
Insularidade nas Regiões Ultraperiféricas, que engloba os Açores e a
Madeira, tanto o responsável pela pasta da Agricultura como o dirigente
agrícola estão em sintonia nas medidas que foram desenhadas para 2019 e
hoje apresentadas aos agricultores.O POSEI possui atualmente um envelope financeiro anual de cerca de 70 milhões de euros, valor que se deve manter até 2020.Para
o próximo ano, no âmbito da revisão da PAC - Política Agrícola Comum,
espera-se o reforço deste montante, no próximo quadro comunitário.