Governo dos Açores diz que açorianos têm direito a ser informados sobre SATA
22 de jan. de 2021, 10:41
— Lusa/AO Online
Dentro
da "prudência" necessária a um "processo negocial", o compromisso de
Joaquim Bastos e Silva, indicou o próprio à agência Lusa, é de "informar
o público" sobre a situação da transportadora aérea açoriana.A
Comissão Europeia reiterou que a investigação aos apoios públicos à
SATA "está em curso" e não tem ainda fim à vista, apesar de o executivo
açoriano já assumir como certa a devolução de 73 milhões de euros.Na
terça-feira, o Governo dos Açores anunciou ter-se reunido nesse dia com
a Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia "de forma a
ultimar o processo de devolução dos aumentos de capital realizados na
SATA, no valor de 73 milhões de euros".No
encontro, precisou o executivo, terá sido acordado que os aumentos de
capital da investigação em causa não eram "compatíveis com o mercado
interno e a política de concorrência", e o valor de 73 milhões de euros
seria devolvido ao Governo Regional dos Açores através de duas operações
financeiras: abatendo-se do pagamento da dívida da região à SATA e
abarcando também dinheiro referente à compensação de perdas da empresa
decorrentes da pandemia de Covid-19.À agência Lusa, Bastos e Silva reiterou que sem esta investigação estar
concluída "Bruxelas não inicia a discussão do plano de negócios" da
empresa, e sublinhou que a dívida da região à companhia, parte da
operação em curso, é superior a 50 milhões de euros."Só
por tacanhez iríamos inventar dívidas. Havia aqui mais de 50 milhões de
euros por pagar com a empresa no chão", acrescentou ainda, refutando
críticas do Bloco de Esquerda dos Açores sobre o tema.Depois
de ser aprovada pela Comissão Europeia a compensação por perdas
referentes à pandemia, o que Bastos e Silva estima que suceda em "duas,
três semanas", haverá uma resolução do Governo dos Açores a determinar a
devolução do dinheiro e avançar-se-á então para as discussões
comunitárias sobre a reestruturação da transportadora.Horas
antes, à Lusa, uma porta-voz do executivo comentário, questionada sobre
o ponto de situação das eventuais devoluções das ajudas públicas,
declarou: "A Comissão não comenta o conteúdo dos seus contactos com os
Estados-membros. A investigação da Comissão sobre certas medidas de
apoio público a favor da SATA está em curso. Não podemos prever o
momento ou o resultado da investigação nesta fase. De acordo com a
prática normal, a Comissão está em contacto com Portugal e outras partes
interessadas no contexto da investigação em curso".Em
meados de agosto de 2020, a Comissão Europeia deu ‘luz verde’ a um
auxílio estatal português de 133 milhões de euros à transportadora aérea
açoriana SATA, mas abriu uma investigação para avaliar o cumprimento
das normas comunitárias em três apoios públicos à companhia.Esse auxílio estatal não está em causa, independentemente do desfecho da investigação aos apoios públicos.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014,
altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo
Regional dos Açores começou a registar prejuízos, entretanto agravados
pela pandemia de Covid-19.Foi devido a
essas dificuldades que a Região Autónoma dos Açores aprovou, desde 2017,
três aumentos de capital na companhia aérea, para colmatar carências de
liquidez.São estes apoios públicos que
Bruxelas diz continuar a investigar mas que o executivo açoriano, em
dezembro do ano passado e novamente esta semana, adiantou já terem sido
considerados ilegais.Em dezembro, em
conferência de imprensa, o secretário das Finanças do Governo dos Açores
disse ter como "dado adquirido" que a transportadora SATA teria de
devolver os referidos 73 milhões de euros."Foi-nos
comunicado verbalmente, como corresponde ao formato de uma
teleconferência, e foi-nos comunicado de forma colaborante, que é um
dado adquirido que, na investigação às ajudas que constituíram os
aumentos de capital da SATA (...), por não terem sido comunicadas
previamente a Bruxelas, constituem ajudas ilegais e têm que ser
devolvidas", declarou então Bastos e Silva.Esta
semana, o executivo anunciou os mecanismos de devolução do dinheiro,
mas uma porta-voz da Comissão Europeia reiterou à agência Lusa a posição
de dezembro passado, de que a investigação ainda segue o seu curso.