Governo dos Açores disponível para descentralização para municípios mas pede consensos
16 de dez. de 2025, 18:41
— Lusa/AO Online
“Da
nossa parte, sim [à] descentralização. Estamos disponíveis para iniciar
o processo com essas condições: amplamente consensualizado, amplamente
estudado e com consenso social e politico”, afirmou o secretário dos
Assuntos Parlamentares e Comunidades.Paulo
Estêvão, que tutela o Poder Local, falava em audição na Assembleia
Regional a propósito do grupo de trabalho do parlamento açoriano que vai
elaborar uma proposta de revisão da Lei das Finanças Locais.O
secretário regional alertou, contudo, que o “contexto não é o melhor”
para a descentralização, uma vez que a “região está claramente
subfinanciada”, insistindo na necessidade de consensos devido aos
“perigos” que o processo pode acarretar.“Se
me dissessem assim: ‘nós [Governo Regional] vamos deixar de exercer e
descentralizar para os municípios e o Estado paga’. […] Conhecendo o
Estado como nós o conhecemos, acham que Lisboa vai fazer isso”,
interrogou.Ainda segundo Paulo Estêvão, o
Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) concorda com o aumento do
financiamento para os municípios dos Açores numa futura revisão da Lei
de Finanças Locais ao abrigo de um “critério de insularidade”.“Este
critério de insularidade parece-nos o critério que logicamente poderá
prevalecer na discussão que se vai fazer. Esta questão de insularidade
terá de ser colocada juntamente com todas as outras reivindicações”,
reforçou.Paulo Estêvão defendeu a
majoração às autarquias dos Açores ao lembrar os impactos da
“descontinuidade territorial”, mas alertou que o reforço não poderá
implicar uma redução de verbas do Estado para o Governo Regional, que
poderá ser uma “tentação” para a República.O
secretário regional realçou, também, que as verbas do Estado para as
autarquias açorianas nos últimos anos “cresceram muito menos do que a
nível nacional”.Já o coordenador da
Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) nos Açores, Manuel António
Soares, que também foi ouvido na Assembleia Regional, defendeu que
“todas as políticas públicas” devem ter em conta a “dupla insularidade”
do arquipélago.“Esta circunstância impõe a
opção por políticas que diferenciem positivamente as freguesias dos
Açores e da Madeira em relação às freguesias do território nacional
continental”, afirmou Manuel António Soares.O
responsável da ANAFRE/Açores salientou que a revisão da Lei de Finanças
Locais deve cumprir os princípios da subsidiariedade, suficiência,
equidade, ultraperiferia e do “respeito pelos recursos próprios” da
região autónoma.“Propomos as seguintes
medidas: majoração de 10% do Fundo de Financiamento das Freguesias
destinado às freguesias dos Açores, aumento do Fundo de Financiamento
das Freguesias de 2,5% para 5%, de forma gradual, ao longo dos próximos
quatro anos, e acesso das freguesias ao Açores 2030, com aviso
específico”, propôs o social-democrata que preside à Junta de Freguesia
do Livramento, em Ponta Delgada.A
Assembleia dos Açores aprovou em julho de 2025, sob proposta de
PSD/CDS-PP/PPM, a criação de um grupo de trabalho para apresentar uma
proposta de revisão da Lei de Finanças Locais.