Governo dos Açores destaca transparência, oposição critica "embuste" de gabinete de corrupção
7 de set. de 2022, 17:21
— Lusa/AO Online
O assunto esteve em
discussão no plenário da Assembleia Legislativa dos Açores, que decorre
na cidade da Horta, numa sessão de perguntas ao Governo Regional
agendada pelo deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) sobre o
gabinete que estava na lista de reivindicações daquele partido, que
elegeu dois deputados nas eleições regionais de 2020, para a assinatura
do acordo de incidência parlamentar com a coligação PSD/CDS-PP/PPM.O
secretário regional das Finanças, Duarte Freitas, defendeu que o
executivo está “a construir uma cultura de transparência e diminuição
dos riscos de corrupção”, mas o PS notou que o Chega “tem-se deixado
ludibriar pelo Governo”, enquanto o BE disse que o gabinete é um
“embuste para enganar o deputado do Chega”.Após
Carlos Furtado ter saído do Chega, em 2021, José Pacheco mantêm-se como
deputado daquele partido no parlamento açoriano e a criação do gabinete
anti-corrupção foi uma das condições impostas para a viabilização do
orçamento da região para 2022.Quanto ao
gabinete de corrupção, o secretário regional das Finanças disse estar em causa um “caminho novo a trilhar”, indicando que o “processo
que se vai solidificar”. “Para nós é relevante que isto marque uma nova cultura de transparência e combate à corrupção”, vincou.Berto
Messias, do PS, acusou “o deputado José Pacheco e o Chega” de serem
“uma autêntica fraude política”, considerando que se têm “deixado
ludibriar pelo Governo Regional e, consequentemente, têm enganado os
seus eleitores”.O socialista classificou ainda Pacheco como “um cobarde político”, por não colocar questões sobre o gabinete.José
Pacheco acabaria por intervir, lamentando o recurso ao “insulto” e
notando que “o gabinete que parecia que não existia, afinal existe”.“Quando
o visitei, fiquei desconfortável, não gostei de o ver num sótão.
Manifestei a quem tinha de manifestar e as coisas caminharam. Mas vi o
entusiasmo da pessoa responsável”, disse.Já antes disso, o secretário regional tinha referido a expectativa de mudança de instalações dos serviços no início de 2023.Para
António Lima, do BE, “este gabinete é e foi um embuste, criado pelo
governo, ou mesmo para ceder e enganar o deputado do Chega”.“As
promessas do governo ao Chega não passam de embustes. Esta é uma medida
sem efeito prático na vida das pessoas, para satisfazer o Chega”,
frisou.O deputado João Bruto da Costa, do
PSD, lamentou que “o PS se tenha juntado ao BE para transformar a sessão
de perguntas ao Governo numa sessão de perguntas ao Chega”.Na
ocasião, pelas 16h20, o presidente da
Assembleia avisou estar “quase a encerrar a sessão de perguntas”
iniciada de manhã, alertando para a necessidade de as intervenções
conterem perguntas.Tanto o PS como o BE
questionaram o Governo sobre a ação do gabinete relativamente ao caso do
subsecretário regional da Presidência, Faria e Castro, que até maio foi
sócio de uma empresa de segurança privada que fez, com entidades
públicas, contratos por ajuste direto no valor global de 460 mil euros.Faria
e Castro e Duarte Freitas reiteram a legalidade do processo e o
secretário regional das Finanças notou não ter havido qualquer denúncia
sobre o caso, desafiando o deputado do BE, que em junho divulgou a
situação, a apresentar queixa.Durante o
debate, Carlos Furtado assinalou não poder “considerar normal que a
constituição do gabinete não tenha sido um assunto discutido com o
deputado que na altura assinou o acordo [de incidência parlamentar]”.“Merecia
que eu fosse consultado na constituição desta estrutura, para saber se
era a que tínhamos combinado no acordo”, observou, manifestando
desconforto pelo facto de, nas competências do gabinete, não estar
qualquer referência à fiscalização da aplicação de fundos comunitários.