Governo dos Açores destaca mar, espaço e clima no papel geoestratégico da região
9 de nov. de 2021, 10:52
— Lusa/AO Online
“Num
mundo em transição, podemos considerar como relevante a posição dos
Açores e de cada uma das suas nove ilhas no pensamento que, a nível
planetário, se faz sobre transição energética, digital, mobilidade e
movimentos migratórios, ou sobre as potencialidades das novas economias,
como as do mar e as do espaço”, afirmou o chefe de Governo de coligação
PSD/CDS-PP/PPM, no terceiro Fórum Autonómico realizado na Madalena, na
ilha do Pico.Para José Manuel Bolieiro, “a
dimensão do mar é a verdadeira posição estratégica de Portugal e dos
Açores”, pois “qualquer reflexão estratégica que a União Europeia queira
fazer sobre o mar, ou sobre a economia que lhe está associada para a
transição energética, ou sobre as alterações climáticas, tem de
considerar os Açores como uma referência relevantíssima”.“Temos
potencial para sermos atores e autores nesta reflexão. Assim é também
com o espaço. A nossa posição geoestratégica não está apenas no
Atlântico Norte ou na Base das Lajes [na ilha Terceira]”, alertou.Para
o governante, um exemplo do que se pode fazer no “quotidiano da
governação” é ter “a oportunidade, enquanto geração, de pensar nestas
transições estratégicas”.O presidente do
Governo Regional, que cumpriu hoje o segundo dia de visita estatutária à
ilha do Pico, destacou a importância da literacia digital ou da
reflexão sobre as alterações climáticas.“Os
Açores não são contribuintes para economia carbonizada – são vítimas.
Importa que tenhamos pensamento estratégico sobre os fenómenos da
natureza a que estaremos sujeitos nos próximos tempos”, vincou.De
acordo com Bolieiro, “o pensamento geoestratégico dos Açores tem uma
centralidade inquestionável na ilha terceira devido à base das Lajes,
mas é preciso ver o valor que cada ilha tem para esta ideia”.Relativamente
ao Fórum Autonómico, um espaço de reflexão sobre a autonomia regional
açoriana, Bolieiro notou que “os Açores não devem ser considerados
apenas como uma abstração que parece, muitas vezes, esquecer a realidade
intensa de cada ilha”.“É preciso
compreender a noção de autonomia e cada uma das ilhas, avaliando as
potencialidades e fragilidades de cada uma e sem perder de vista a
importância dos Açores no seu plano nacional e internacional”, afirmou.“Pode
parecer que o tema não interessa ao quotidiano das pessoas. Mas
enganam-se. Precisamos de projetar e pensar a vivência que queremos
trazer para o futuro”, destacou.O
convidado deste terceiro Fórum, Luís Andrade, professor catedrático da
Universidade dos Açores, especialista em Ciência Política e geopolítica,
frisou que os Açores ganham nova relevância geoestratégica numa altura
em que os “problemas que se colocam à atual conjuntura internacional são
complexos e imprevisíveis”.O especialista
defendeu que os Estados Unidos da América “não vão abandonar por
completo a Base das Lajes num futuro mais ou menos próximo”.“Não
partilhamos da opinião de que os Açores perderam a importância
geoestratégica após a guerra Fria. Isto prende-se com instabilidade das
relações internacionais”, observou.Para o
professor, a criação do ‘Air Center’ e do Centro de Defesa do Atlântico
“corroboram tese de que a importância geoestratégica dos Açores se tem
mantido ao longo dos tempos”.