Governo dos Açores desconhece solicitações do tribunal sobre extinta fábrica Sinaga
12 de nov. de 2021, 11:02
— Lusa/AO Online
Numa
nota à imprensa, o executivo regional, de coligação PSD/CDS-PP/PPM,
manifesta “estranheza” com o comunicado do “Grupo de Cidadãos Eleitores
Santa Clara - Vida Nova, relativo a uma providência cautelar que teve
como autores cerca de 100 cidadãos, visando questionar e impugnar a
legitimidade do desmantelamento em curso das instalações e maquinaria da
Fábrica do Açúcar de São Miguel, propriedade da Sinaga”.“O
Governo desconhece o teor da referida providência cautelar e de
eventuais solicitações que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Ponta
Delgada tenha feito aos proponentes”, acrescenta.O
executivo refere que pretende incluir, nas áreas públicas das
instalações da empresa na rua de Lisboa, em Ponta Delgada, “um Centro de
Interpretação/Núcleo Museológico sobre a Arqueologia Industrial de São
Miguel, que salvaguarde o património integrado na unidade industrial”.Estão
em causa, “designadamente, o laboratório da beterraba, as caldeiras, os
cristalizadores, os secadores e o forno de cal, e que permita o
regresso do património móvel transferido recente e temporariamente para o
Museu Carlos Machado”.O Governo assegura
que “quaisquer ações de desmantelamento” começaram “quando, em 2018, a
Sinaga deixou de receber beterraba”, decorrendo “de atos de gestão
corrente da empresa, em prol da segurança das instalações, trabalhadores
e da população”.Quanto à decisão de
extinção da empresa, diz que foi “amplamente discutida na Assembleia
Legislativa em 28 de setembro” e “aprovada através do Decreto
Legislativo Regional n.º 30/2021/A, de 19 de outubro”.O
executivo observa que “as instalações apresentam um elevado grau de
degradação, consequência da não manutenção do espaço nos últimos anos”.Por
isso, diz, mostrou-se “imperativo proceder ao desmantelamento, ordeiro e
priorizado, de tancagens e canalizações no interior da fábrica,
equipamentos localizados em zonas com elevado risco estrutural e de
colapso”.Em curso, está “uma vistoria,
pelo Laboratório Regional de Engenharia Civil, à chaminé da Fábrica,
cuja última intervenção datava de 1988”.O
executivo recorda que, a 09 de outubro, promoveu uma visita às
instalações da Fábrica de Açúcar para “esclarecer e sanar dúvidas
suscitadas sobre um alegado desmantelamento”, lamentando que o Grupo de
Cidadãos Eleitores Santa Clara - Vida Nova não tenha participado. “Se tal for solicitado, poderá ser organizada nova visita ao local”, acrescenta.O
grupo de cidadãos “Santa Clara – Vida Nova” disse hoje que solicitou
formalmente ao Governo dos Açores documentação comprovativa da decisão
de desmantelamento da fábrica da Sinaga, necessária para avançar com uma
providência cautelar.De acordo com o
grupo, foi solicitada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Ponta
Delgada “prova da existência da decisão administrativa governamental que
autorizou aquelas operações de desmantelamento”.A
Fábrica do Açúcar foi instalada na freguesia de Santa Clara em 1906,
tendo sido comprada pela Sinaga em 1969. Desde 2010, tinha uma
participação de 51% do Governo Regional.