Governo dos Açores cria plano de gestão de secas e escassez de água
26 de jul. de 2024, 14:52
— Lusa/AO Online
“Há um conjunto de
trabalhos que temos de desenvolver nos próximos anos, se nos quisermos
preparar verdadeiramente para este fenómeno e se quisermos estar de
alguma forma adaptados às contingências que podem resultar das
alterações climáticas”, afirmou aos jornalistas o secretário regional do
Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel.A
proposta de Plano de Gestão de Secas e de Escassez de Água vai ser
discutida, em Angra do Heroísmo, numa reunião extraordinária do
Conselho Regional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CRADS),
sendo depois apresentada publicamente e colocada em consulta pública.À
margem do encontro, o titular da pasta do Ambiente adiantou que o
objetivo do documento é “caracterizar todos os sistemas de abastecimento
de água que há na região, identificar as zonas e as situações de maior
vulnerabilidade e fazer uma priorização da água e dos recursos
hídricos”.“Há um diagnóstico que é feito, é
identificado um conjunto de situações mais vulneráveis e para isso são
definidos princípios orientadores para a adoção de comportamentos e de
metodologias que possam dar resposta e este fenómeno. E depois é feito
também um conjunto de medidas de intervenção direta, que possam adaptar a
região a estes efeitos”, explicou.Não há indisponibilidade de água nos Açores, mas muitas vezes o acesso “é tecnicamente difícil ou financeiramente inexequível”.“Há
necessidade em algumas ilhas de fazer uma gestão mais eficiente da
captação e do abastecimento de água, corrigindo as perdas, que são muito
significativas na rede de distribuição de água em algumas ilhas”,
frisou o governante.Segundo Alonso Miguel,
as ilhas da Graciosa e do Pico são as que apresentam maior
vulnerabilidade, mas “com o intensificar do fenómeno das alterações
climáticas esta ameaça de escassez pode alastrar-se a grande parte das
ilhas”.O plano contempla, por isso, “um
conjunto de medidas, com diferentes níveis de urgência de implementação,
que se dividem em 10 medidas de contingência, cinco medidas de
adaptação e seis medidas de preparação e prevenção, sendo que estas
últimas se desagregam em 42 subações”.O
governante revelou que as medidas, adaptadas às diferentes ilhas,
incidem sobre os setores que têm maior peso sobre o consumo de água,
incluindo o turismo.“As medidas mais
drásticas passariam por um controlo da pressão de água nas adutoras ou
pela suspensão do abastecimento de água em determinados períodos, mas há
todo um outro trabalho a fazer antes disso, nomeadamente, ao nível da
otimização da utilização da água por parte destes setores relevantes e
um conjunto de medidas de adaptação”, salientou.Entre
outros documentos, o Conselho Regional do Ambiente e do Desenvolvimento
Sustentável, que estará reunido durante todo o dia em Angra do
Heroísmo, também vai discutir o Relatório do Estado do Ambiente nos
Açores referente ao triénio 2020-2022.Segundo
Alonso Miguel, o documento avalia áreas como a conservação da natureza,
a preservação da biodiversidade, a qualidade do ar, a ação climática e
os riscos naturais, a gestão de recursos hídricos e de resíduos, a
agricultura e florestas, a energia e transportes e a educação e
sensibilização ambiental.“Relativamente à maioria destes domínios, há de facto uma evolução muito positiva”, frisou.Entre
os investimentos realizados na área do Ambiente, no período em
avaliação, o governante destacou um montante de 9 milhões de euros, em
projetos de reestruturação de centros de processamento de resíduos e
roteiros para a economia circular e para a neutralidade carbónica, ao
abrigo do programa React-EU, e um montante de 7,7 milhões de euros nos
projetos Life.