Governo dos Açores cria gabinete de gestão do medicamento após rutura de fármacos
23 de nov. de 2017, 20:06
— Lusa/AO online
“Do
trabalho que tem vindo a ser desenvolvido com a Ordem dos Farmacêuticos
(…), já formalizámos a criação de um gabinete de gestão do medicamento e
dos assuntos farmacêuticos na Saudaçor [Sociedade Gestora de Recursos e
Equipamentos da Saúde dos Açores]”, afirmou o secretário regional da
Saúde, Rui Luís, após ser ouvido na Comissão Permanente de Assuntos
Sociais do parlamento regional, em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.Segundo Rui Luís, a Saudaçor terá “a coordenação dos serviços farmacêuticos dos cuidados de saúde primários”.“Ou
seja, vamos de uma forma centralizada, à semelhança do que existe a
nível nacional, criar um serviço central para lidar com as questões
farmacêuticas dos cuidados de saúde primários”, explicou o governante.Em
outubro foi noticiado que no centro de saúde da Ribeira Grande, na ilha
de São Miguel, foram detetadas ruturas no fornecimento de fármacos a
doentes institucionalizados.Então,
a Ordem dos Enfermeiros nos Açores anunciou a apresentação de uma
queixa ao Procurador da República contra a Unidade de Saúde da Ilha de
São Miguel, devido às "sucessivas e continuadas" ruturas no fornecimento
de medicamentos aos doentes daquela unidade de saúde.A
queixa é justificada com o facto de a Ordem dos Enfermeiros ter
denunciado o caso junto da administração da Unidade de Saúde da Ilha de
São Miguel, que alegadamente não terá feito nada para resolver o
problema, e também junto da tutela, que terá garantido que o problema já
se encontrava ultrapassado.Rui
Luís adiantou hoje que o novo gabinete tem como objetivos “uniformizar
os procedimentos e a gestão do circuito do medicamento, dos produtos
farmacêuticos e outros dispositivos médicos”, assim como “implementar e
monitorizar a política do medicamento nos cuidados de saúde primários” e
“proceder à elaboração de protocolos terapêuticos para que sejam
similares a todas as unidades de ilha”.Já
o PSD, partido que requereu a audição do governante, pela voz do
deputado Luís Maurício, declarou que a rutura de medicamentos “não é
nova”, apontando um relatório de dezembro de 2016 da Inspeção Regional
da Administração Pública que dá conta da mesma situação noutros centros
de saúde da ilha.“Achamos
muito estranho que o sr. secretário regional não tenha conhecimento do
relatório, onde vinha recomendada, dada a gravidade dos assuntos
descritos, que ia ser enviado à Inspeção Regional de Saúde”, afirmou
Luís Maurício, considerando que “sendo um assunto já antigo houve uma
falta por omissão de atuação por parte da tutela”.Para
o parlamentar, “esta tutela reage de forma reativa, não atua de forma
proativa, não sabe prevenir a ocorrência dos problemas, nomeadamente da
falta de medicamentos”.A comissão ouviu também hoje os responsáveis nos Açores das ordens dos Médicos e dos Enfermeiros.