Governo dos Açores cria comissão para avaliar transporte de carga aéreo e necessidade de cargueiro
23 de nov. de 2022, 12:17
— Lusa/AO Online
“Para
além da necessária articulação e potenciação dos recursos existentes,
deve ser ponderada a solução de um cargueiro aéreo”, lê-se no despacho
assinado pelo vice-presidente do Governo Regional, Artur Lima, pelo
secretário regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública,
Duarte Freitas, e pela secretária regional do Turismo, Mobilidade e
Infraestruturas, Berta Cabral.A comissão
de projeto tem três meses para avaliar “as condições em que o transporte
aéreo de produtos frescos perecíveis é efetuado dentro da Região
Autónoma dos Açores” e a “necessidade de recorrer a um cargueiro aéreo,
sem descurar a vertente económico-financeira”.Deverá
“efetuar o levantamento do número de frequências e de capacidade de
carga oferecida e efetivamente transportada, quer pela concessionária do
transporte aéreo interilhas, quer pelas companhias áreas que efetuam o
transporte para o exterior da região, designadamente, para o continente
português”.A comissão vai ainda “proceder à
auscultação das principais entidades representativas dos vários setores
económicos envolvidos na importação e exportação de carga aérea” e
“efetuar ‘benchmark’ dos diferentes tarifários aplicáveis à carga
aérea”.O executivo açoriano justifica o
estudo com a necessidade de "implementar um sistema eficaz de transporte
aéreo do pescado que o faça chegar rapidamente aos mercados relevantes,
a custos competitivos, e com a “primordial importância” da “promoção e
valorização junto do mercado nacional e europeu” de outros produtos
frescos perecíveis, como carne, frutas e flores.O
despacho refere também as “graves distorções nos mercados piscícolas,
agrícolas e agroalimentares” e a "escalada de preços da energia, das
rações, dos fertilizantes e de outras matérias-primas essenciais à
atividade económica”, provocadas pela guerra na Ucrânia.A
comissão de projeto integra o diretor regional da Mobilidade, Rui
Coutinho, bem como o adjunto do vice-presidente do Governo Regional
Emanuel Sousa, o adjunto do secretário regional das Finanças Bernardo
Oliveira e o representante da SATA Air Açores (companhia que assegura as
ligações aéreas interilhas) Tibério Almeida.Em
setembro, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e
Infraestruturas disse na Assembleia Legislativa dos Açores, numa
resposta ao deputado do Chega, José Pacheco, que não era altura de
“avançar com qualquer decisão” sobre o avião cargueiro.“Com
a enorme oferta de transporte aéreo realizado neste período [de época
alta] para todas as ilhas, também se oferece mais transporte de carga.
Esta é uma realidade que também temos de equacionar. Estamos na fase de
estudar como o mercado se está a comportar. Não houve, ao longo deste
verão, uma única reclamação, nem por falta de lugares para passageiros,
nem por falta de capacidade para carga”, adiantou.Berta
Cabral tinha avançado, em maio, também no parlamento açoriano, que um
dos aviões usados pela companhia açoriana SATA nas viagens entre as
várias ilhas dos Açores ia ser transformado em cargueiro no fim do
verão.“Quanto ao transporte de carga
aérea, está a ser analisada a solução que me parece a mais plausível
após todas as diligências da SATA: a transformação de uma das aeronaves
em cargueiro, no fim do verão de 2022”, disse na altura.