Governo dos Açores avança com cartografia de risco para mitigar alterações climáticas
10 de dez. de 2021, 18:18
— Lusa/AO Online
“A
Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas, no âmbito do
REACT-EU [programa de financiamento europeu para Assistência de
Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa], com base num
valor bastante elevado, cerca de quatro milhões de euros, vai avançar
com o projeto que visa a produção de cartografia de risco para mitigação
dos efeitos das alterações climáticas”, afirmou Alonso Miguel, na
apresentação do relatório do Estado das Ribeiras dos Açores de 2021
(RERA), em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.O
secretário regional do Ambiente e Alterações Climáticas referiu que
esta cartografia de risco para classificar galgamentos e movimentos de
vertente “permitirá dar um maior nível de conhecimento acerca da
situação e ajuda também na definição das prioridades de intervenção”.O projeto vai avançar “no início de 2022, sendo que tem que estar terminado até final de 2023”.Alonso
Miguel já havia avançado que se vai ser criado também um sistema de
alerta, em 2022, com base na instalação de sensores e sondas para
identificar eventuais galgamentos ou inundações, tendo sido
identificadas para o projeto onze bacias hidrográficas e três zonas
costeiras. O
projeto contempla duas etapas: a realização de voos aéreos e
fotogramétricos que permitam ter a cartografia de base e, a partir daí,
criar a cartografia de risco de pormenor para combater os efeitos das
alterações climáticas.O
relatório divulgado aponta 409 registos efetuados, contemplando
186 novos levantamentos e 223 avaliações do ponto de situação.Alonso
Miguel referiu que o relatório - contemplando 388 quilómetros de
extensão de ribeiras e incindido sobre 181 bacias hidrográficas – revela
que 81% das situações identificadas são de baixo ou médio risco, 17% de
grande risco e apenas 2% de muito grande risco.As
causas apontadas são assoreamentos e obstruções (61%), sendo que o
principal tipo de ocorrências está associado a causas naturais.A
segunda principal causa relaciona-se com o depósito ou abandono de
resíduos, apesar da diminuição registada nos últimos anos, segundo o
secretário regional do Ambiente.O
governante apontou que, em 75% das ocorrências, foi sugerida a
intervenção da Secretaria Regional do Ambiente e Alterações Climáticas.Os
restantes casos estão a ser comunicados às autoridades competentes,
cabendo esta responsabilidade, em 15%, aos proprietários e sete por
cento aos municípios, a par de 3% à Secretaria Regional das Obras
Públicas e Comunicações.Das
situações reportadas, 53% já foram resolvidas, sendo que no caso das
bacias de retenção, das 56 avaliadas, 45 “encontram-se em bom estado”,
oito encontram-se em “estado razoável” e três classificadas como
necessitando “de obras mais profundas”.Alonso
Miguel identificou como as zonas mais problemáticas nos Açores e com
necessidade urgente de intervenção, três situações na ilha das Flores,
nomeadamente as ribeiras dos Barqueiros, do Moirato e da Fazenda. No
Pico, foram identificadas as bacias agregadas das Ribeiras, na Terceira
a ribeira da Agualva e, na ilha de São Jorge, a Ribeira Seca.