Governo dos Açores aumenta valor pago a instituições de apoio social entre 1 e 6,5%
6 de nov. de 2019, 11:00
— Lusa/AO Online
“[Trata-se de] um aumento generalizado em
todas as respostas sociais, em qualquer dos casos, sempre superior à
taxa de inflação, que é o mínimo que está estabelecido no Código da Ação
Social, variando entre 1% no caso, por exemplo, das respostas atípicas,
e os 6,5% no caso das estruturas residenciais para idosos”, adiantou
hoje aos jornalistas a secretária regional da Solidariedade Social,
Andreia Cardoso.A governante falava à
margem da assinatura do acordo base para o biénio 2019/2020 entre a
tutela e a União Regional das Misericórdias dos Açores (URMA) e a União
Regional das Instituições Particular de Solidariedade Social dos Açores
(URIPSSA). Uma das medidas previstas no
acordo é a atualização do valor padrão pago por utente às diferentes
instituições que prestam serviços de apoio a crianças, idosos e pessoas
com deficiência, que terá efeitos retroativos em 01 de janeiro do
corrente ano.Nas valências atípicas e nos
centros de convívio de idosos o aumento será de 1%, enquanto nos centros
de dia haverá um aumento de 2,1% e nos centros de atividades de tempos
livres 2,5%.O valor padrão pago pelas
respostas sociais em lares residenciais e centros de atividades
ocupacionais, pelo transporte de pessoas com deficiência, pelos serviços
de amas e pelos serviços de apoio domiciliário tem um aumento de 3,5%. Está
prevista também uma atualização de 4% do valor pago pela resposta em
estabelecimentos de educação pré-escolar e de 4,5% do valor pago pelas
creches.O maior aumento, 6,5%, é verificado nas estruturas residenciais para idosos (ERPI) e nas vagas de descanso do cuidador. Segundo Andreia Cardoso, esta diferenciação justifica-se pelo aumento do “grau de dependência dos idosos”.“É
cada vez mais necessária a presença de enfermeiros nas estruturas
residenciais para idosos e para que esse aspeto fique garantido também é
importante que as instituições tenham condições financeiras para o
fazer”, frisou.A governante realçou, por
outro lado, a necessidade de reforçar o valor pago nas creches e jardins
de infância, face à “atualização salarial dos educadores de infância”. “A
massa salarial é uma componente importante dos custos das IPSS e
Misericórdias e também levámos isso em linha de conta”, justificou.Os
representantes das Misericórdias e IPSS dos Açores consideram que a
atualização é “positiva”, mas alertam para a necessidade de uma próxima
revisão em 2020 e da criação de novas valências. “Estas
instituições não têm fins lucrativos. (…). Agora tem de haver um
financiamento que corresponda ao custo real. Houve um passo muito
acrescido nesta negociação. Foi passar de 4,1%, em 2018, para 6,5%, em
relação a 2019. Isso é muito positivo e nós louvamos, mas queremos de
facto que haja um passo seguinte, que é aproximar-se mais do custo real
por utente”, salientou o presidente da URMA, Bento Barcelos,
referindo-se às ERPI.Segundo o responsável
das Misericórdias, “na larga maioria das valências sociais”, há agora
um “financiamento ajustado”, mas nos lares de idosos, “tendo em conta o
nível de dependência da larga percentagem de pessoas que são acolhidas”,
ainda há um diferencial entre o valor padrão e o custo real médio
mensal dos utentes, que gera “défices” nas instituições. “O
objetivo neste momento é haver um salto de financiamento, que vá desde
os 1.050 aos 1.200 [euros]. É esse o esforço que temos de fazer para que
se coloque equilibrado o financiamento desta valência”, avançou. Mais
otimista, o presidente da URIPSSA, João Canedo, reconheceu que o
aumento de 6,5% é positivo, mas alertou para a necessidade de se dar
continuidade às negociações.“Não quer
dizer que acabou aqui e que estamos muito contentes, porque o dinheiro
dá para tudo, porque não dá, mas 6,5% para as ERPI é muito bom. Não
posso pedir à senhora secretária regional que nos aumente muito mais do
que isso. Para o ano vamos então ver o que podemos fazer, para
continuarmos a prestar serviços de qualidade nas IPSS”, afirmou.O
representante das IPSS alertou ainda para a necessidade de se criarem
estruturas específicas para as pessoas com demência, que obrigam as
instituições a contratar mais funcionários e a dotarem as instalações de
outras condições. O Governo dos Açores
prevê reforçar o valor global do financiamento às instituições,
incluindo o valor padrão por utente e o incremento da capacidade das
respostas sociais, em 7% no corrente ano, passando de 62 milhões de
euros para 66,5 milhões de euros.Além da
atualização do financiamento das instituições, o acordo hoje assinado
inclui um compromisso do executivo açoriano de reforçar a avaliação dos
modelos de funcionamento existentes e de formação dos cuidadores, bem
como a melhoria da acessibilidade aos serviços sociais, o que implica,
por exemplo, o alargamento do sistema de gestão de lista de espera única
em lares de idosos, iniciado na Terceira, a todas as ilhas da região.