Governo dos Açores assinala descida de impostos, oposição critica “inação”
Crise/Inflação
8 de set. de 2022, 14:11
— Lusa/AO Online
“Nos
Açores estamos, desde janeiro, a combater a inflação por via da baixa
de impostos. Em agosto, foram pagos complementos ao COMPAMID
[Complemento para a Aquisição de Medicamentos pelos idosos], ao abono de
família, à tarifa social energética, e estamos em negociações para
aumentar a remuneração complementar da administração pública. A classe
média e os mais pobres estão a ser compensados, mas vão merecer a nossa
atenção nos próximos meses. O governo está disponível para tomar outras
medidas que se revelem necessárias”, indicou Duarte Freitas, secretário
regional das Finanças, em resposta a uma declaração política do PS no
plenário da Assembleia Legislativa Regional.Sandra
Faria, do PS, lamentou a “inação” do executivo e a referência a
“medidas tomadas noutro contexto”, antes da crise inflacionista,
exigindo a devolução do IVA a mais arrecadado por via da inflação, ao
passo que o BE defendeu um aumento de salários, de pensões e do
complemento regional ao salário mínimo.“Estamos
a falar do maior valor de sempre arrecadado por via da inflação em
receitas do IVA. Este governo tem ao dispor meios e recursos para apoiar
as famílias e as empresas, optando por não fazer. Continua a enumerar
medidas tomadas noutro contexto”, observou a deputada socialista Sandra
Faria.A parlamentar notou que “esta
postura de não avançar com medidas pode explicar-se com o facto de este
governo ter, até julho de 2022, o maior défice de que há registo”,
sublinhando que “a inação não é a resposta que os açorianos merecem”.“Assistimos à inércia do Governo Regional”, censurou, defendendo a “urgência de um combate eficaz à pressão inflacionista”.O
PS considera que a região “deve devolver às famílias o que arrecadou a
mais em receitas fiscais por via da inflação” e que se estima que, até
ao fim do ano, “ascenda a 50 milhões de euros, apenas referentes ao IVA
[Imposto sobre Valor Acrescentado]”. “O
governo referiu medidas de 800 mil euros. Tem o dever de devolver as
receitas que está a obter a mais. Está a ganhar dinheiro com a inflação.
Os açores e os açorianos estão a ficar para trás”, avisou.António
Lima, do BE, referiu-se a uma “nova coligação negativa no país, entre o
governo da República e o regional dos Açores, contra os açorianos”.“Por
que motivo o governo regional acha muito positivas as medidas da
República, em relação às quais o PSD nacional tem dito cobras e
lagartos? Contraria o PSD nacional e o seu novo líder? Diz isso para não
ter de implementar medidas nos Açores”, apontou.O parlamentar criticou a objeção do governo em “intervir nos preços”. “Quando
é para ajudar as pessoas deixam as boas intenções na gaveta [o governo
da República e o regional]. É fundamental combater os efeitos da
inflação e combater também a inflação. Este foi talvez o único governo
adivinho da história. Em 2021 ninguém previa esta inflação e quer-nos
convencer que a descida de impostos foi para combater a inflação. Os
açorianos não viram um cêntimo da descida do IVA”, afirmou António Lima.António
Vasco Viveiros, do PSD, alertou que, na região, a receita fiscal até
julho “cresceu 4,9%, comparando com o período homólogo, enquanto o país
teve um aumento de 20%”.O parlamentar
destacou a redução do desemprego, a redução do IVA e do IRS, apontando
“margem para medidas adicionais”, mas elogiando como “positivo” o que
“aconteceu até agora”.Rui Martins, do CDS, indicou que “este governo baixou impostos antecipadamente e verificou-se que foi a decisão acertada”. “Este governo agiu preventivamente por convicção”, referiu. Paulo Estêvão, do PPM, lembrou que o PS “votou contra a descida de impostos”.Nuno
Barata, da Iniciativa Liberal, considerou que o “pacote estrondoso
apresentado por António Costa [primeiro-ministro] não é forte nem
resolve os problemas das famílias portuguesas”, antes “tira muito com
uma mão e devolve com a outra poucochinho”. José
Pacheco, do Chega, acusou os deputados socialistas de serem
“populistas” e uma “fraude política”, referindo-se ao apoio de 125 euros
anunciado pelo governo da República como “esmola” e assinalando que “o
problema da inflação não se resolve assim”.