Governo dos Açores apoia candidatura de Romeiros a Património Imaterial
25 de jun. de 2021, 08:19
— Lusa/AO Online
Já está em
andamento a recolha de elementos para que esta tradição possa entrar no
Inventário do Património Cultural Imaterial Nacional e, a partir daí,
“evoluir para uma candidatura com reconhecimento na UNESCO”, explicou
João Carlos Leite, presidente do Movimento dos Romeiros de São Miguel.O
responsável, e três outros representantes desta organização, foram hoje
recebidos em audiência pelo presidente do Governo Regional, no Palácio
de Santana, em Ponta Delgada.José
Manuel Bolieiro destacou que 2022 marca a “celebração dos 500 anos das
romarias quaresmais” e que esse quadro “pode merecer, com apoio do
Governo Regional, um momento evocativo e celebrativo, dignificante desse
património da ilha de São Miguel”.O
social-democrata sugeriu que a associação se candidatasse ao “quadro
regulamentar de apoios da Direção Regional da Cultura, que permite
apoios para estas iniciativas”.Para
o chefe do executivo regional é importante construir o caminho “passo a
passo, com segurança, e sobretudo excelência”, avançando uma
“cronologia que passa por ter como referência o ano de 2022, como
celebrativo dos 500 anos”, avançando para “o passo seguinte, um deles de
inventariação”.João Carlos Leite explicou que esse caminho já vem a ser percorrido desde 2018, quando o projeto foi levado a assembleia geral.Desde então, já estabeleceram contactos com empresas e técnicos, mas “a pandemia veio complicar tudo”.Contam
agora com o apoio de “uma técnica, que fez uma tese de doutoramento
sobre os romeiros de São Miguel” e que “está a concluir a recolha do
acervo” e com um técnico de audiovisual que está a recolher elementos e
testemunhos para incluir nesse espólio.A intenção é que, “este ano, se Deus quiser” possa “ser entregue no Património Cultural Imaterial Nacional para registo”.“Ou,
eventualmente, depois desta audiência de hoje, talvez seja mais
conveniente não termos pressa, aguardarmos pelas celebrações dos 500
anos, e aí então fazer um trabalho de excelência, que nos permita ser
facilmente reconhecidos, também contemplando pareceres e a envolvência
de técnicos apropriados nesta área”, admitiu o responsável.José
Manuel Bolieiro destacou ainda a “referência de comunidade, de
identidade e de património cultural” que esta tradição representa e, por
isso, viu “com apreço” a “preocupação de elevar com recolha científica
toda a história das romarias quaresmais em São Miguel”.Durante
a Quaresma, em São Miguel, católicos de várias localidades, organizados
em ranchos, percorrem a ilha a pé, ao longo de uma semana, visitando as
igrejas e ermidas da ilha, num percurso que serve para cumprimento de
promessas ou como jornada de meditação.Os
romeiros trajam um xaile e um lenço tradicionais e levam um terço e um
bordão, em que se apoiam durante a caminhada de cânticos e orações.Tradicionalmente,
os ranchos são reservados a homens, mas nos últimos anos tem-se
realizado uma romaria feminina, que faz um percurso mais pequeno.