Governo dos Açores apoia agricultores com dois milhões de euros devido à seca
6 de jul. de 2018, 09:06
— Lusa/AO Online
O
titular da pasta da Agricultura, à margem de um encontro realizado
com a Federação Agrícola dos Açores, em Ponta Delgada, na ilha de São
Miguel, declarou que “isso representa naturalmente um esforço financeiro
por parte do Governo” que "é inevitável", uma vez que se está a
assistir a uma “situação muito complexa e até dramática”.“Não
são novidade as secas no período do verão, mas ter uma seca depois de
dois meses em que praticamente não choveu é muito dramático”, referiu
João Ponte, que adiantou haver uma duplicação do valor do apoio em
termos comparativos com anos anteriores.O
executivo açoriano vai também abrir nos “próximos dias”, ainda segundo o
secretário regional da Agricultura e Florestas, um período de
candidaturas para os agricultores que estão a ser confrontados com
prejuízos na produção de milho forrageiro e produtos hortícolas acima de
25%, havendo uma avaliação caso a caso.João
Ponte declarou que, no setor dos produtos hortícolas, “existe já um
conjunto de produções que estão afetadas”, enquanto no caso do milho há
produções que “já se perderam na totalidade”. Jorge
Rita, líder da Federação Agrícola dos Açores, referiu que as ilhas de
São Miguel, Terceira e Graciosa são as mais afetadas pela seca,
considerando que “apesar de não se poder substituir o que falta, pode-se
minimizar o seu impacto, neste momento e para o futuro”.Além
da importação de palha por parte do Governo dos Açores, Jorge Rita
declarou que a fibra que vai ser, entretanto, transformada na região
pode, a par da importação, “ajudar a reduzir o impacto da falta de
alimentos nas explorações".O
dirigente afirmou que, neste momento, existem menos rolos de erva
disponíveis para os animais, a par de uma “perspetiva negativa da
produção de milhos”, sendo agora importante “começar a dosear os
alimentos” com recurso à importação. Só
na ilha Terceira, os agricultores estimam uma quebra entre 30% e 40% na
produção de leite, na sequência da seca dos últimos três meses, que
afetou a produção de milho.“Nos
primeiros cinco meses [de 2018], até tivemos uma produção superior ao
ano passado. No mês de junho tem caído abruptamente e vamos notar ainda
mais nos próximos meses. E vai haver rutura de stocks, porque se calhar
30% a 40% da produção do leite é capaz de cair”, adiantou o presidente
da Associação de Jovens Agricultores Terceirenses (AJAT), Anselmo Pires.