Governo dos Açores apela à população para usar linha telefónica de apoio médico
7 de fev. de 2019, 17:57
— Lusa/AO Online
"O
apelo que temos tentado transmitir junto da população é que a maior
parte dos casos não são casos urgentes, são casos que podem
perfeitamente ser atendidos nos centros de saúde" e, anteriormente, ser
colocados à consideração de um especialista por via telefónica, indicou o
diretor regional Tiago Lopes à agência Lusa.O
governante foi ouvido depois de se saber que o Hospital do Divino
Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, suspendeu as cirurgias
programadas devido, entre outros motivos, à "enorme pressão a nível dos
internamentos", revela uma circular interna a que a agência Lusa teve
hoje acesso.Tal
situação tem vindo a ser "acompanhada de perto" pelo Governo dos
Açores, que reconhece "limitações" no serviço cirúrgico após um pico de
atividade que se iniciou em janeiro, sustentando o diretor com a tutela
da Saúde que há várias "exceções" no que refere à anunciada suspensão de
cirurgias programadas.No
texto interno, datado de 05 de fevereiro, terça-feira, e assinado pelo
diretor clínico do hospital, é referido que "as enfermarias de medicina
mantêm uma taxa de ocupação diária de 100% e um número nunca inferior a
18-20 doentes distribuídos nas enfermarias das especialidades” e os
"constrangimentos desta situação são sentidos diariamente", havendo
ainda nesta fase um "afluxo significativo" de doentes às urgências.Tal
tem gerado, prossegue o diretor clínico do hospital açoriano, "pressão
sobre os profissionais de saúde", aumento de "conflitualidade
interpares, interprofissionais e com os próprios doentes" e "degradação
da qualidade e segurança assistenciais" aos doentes.A
direção clínica e a administração do HDES dizem que têm "chamado a
atenção da tutela" há "mais de dois anos" para a necessidade de se ter
"uma solução nos cuidados primários e na comunidade de modo a que sejam
libertadas as camas ocupadas com casos sociais e de cuidados
continuados".Contudo,
prossegue a missiva, "continuam internados um número significativo de
utentes com alta médica a aguardar solução social".Nos
últimos dias, a situação agravou-se e foi comunicada à tutela, tendo o
diretor clínico, "em consciência e em concordância com o restante
conselho de administração", decidido manter a "suspensão de toda a
atividade cirúrgica dos programas de cirurgia adicional, de acordo" com
uma outra nota interna de 10 de janeiro, e aplicado uma norma de março
de 2018 suspendendo "a atividade cirúrgica programada nos moldes
contidos" nesse texto.Nessa
circular do ano passado, a que a Lusa teve também acesso, era decretada
a suspensão de "toda a atividade cirúrgica programada que implique o
internamento prolongado dos doentes", o que agora se repete.As
exceções à regra incluem casos de doentes que "estejam em tratamento e
cuja cirurgia já programada faça parte do processo terapêutico", doentes
com "patologia neoplásica prioritária e já agendados", "doentes já
internados e a aguardar cirurgia nas diferentes especialidades" ou casos
que impliquem "a vinda de cirurgião não residente" nos Açores ou
"material já requisitado do exterior".A
circular de 05 fevereiro não aponta uma data para o fim da suspensão
das cirurgias programadas, antes assevera que será retomada a atividade
do bloco operatório "assim que estejam garantidas as condições de
segurança e ultrapassados os atuais constrangimentos sentidos pelo
hospital".O
PSD/Açores já pediu, entretanto, no parlamento da região a realização de
um debate de urgência sobre a suspensão de cirurgias programadas no
HDES.