Governo dos Açores anuncia aterro de 1300 toneladas de resíduos nas Flores
21 de jun. de 2023, 06:25
— Lusa/AO Online
“O aterramento não é gravoso do ponto vista ambiental e é a solução própria para evitar qualquer risco de saúde pública. Nós estamos a resolver bem, sob o ponto vista ambiental, e muito bem sob o ponto de vista de saúde pública”, declarou José Manuel Bolieiro.O líder do executivo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) falava à comunicação social durante uma visita ao centro de resíduos das Flores, localizado no concelho das Lajes, a propósito da visita estatutária à ilha.A 18 de maio, a associação ambientalista Zero alertou, em declarações à Lusa, que o CPR das Flores estava sobrelotado, apelando às autarquias da ilha e ao Governo dos Açores para levar o “assunto a sério” por uma questão de “salubridade pública”.Em causa está a precariedade do porto comercial da ilha, que foi seriamente danificado em novembro de 2019 pela passagem do furação Lorenzo e, em dezembro de 2022, pela tempestade Efrain.O presidente do Governo Regional considerou “não existir alternativa” ao aterro porque, além das “dificuldades no transporte”, os resíduos estão com uma “infestação de baratas”.Questionado sobre os prazos, o social-democrata afirmou que a operação vai decorrer o “mais rapidamente possível” e com a “máxima prudência”, garantindo que tal “não prejudica a pegada ambiental” da ilha que é Reserva da Biosfera da UNESCO.“Importa enfrentar os problemas. Não disfarçar. Só enfrentando os problemas é que encontramos soluções. Por isso, este governo está bem ciente das dificuldades e é preciso fazer a pedagogia para uma solução (…). Estamos a tratar de uma situação absolutamente excecional”, afirmou.Bolieiro realçou ainda que o Governo Regional já investiu um milhão de euros no CPR das Flores e seis milhões de euros nos centros de processamento dos Açores.O secretário do Ambiente e Alterações Climáticas, Alonso Miguel, detalhou que não vai ser enterrado o refugo.“Trata-se de 1300 toneladas de composto estabilizado não crivado. Esta solução está prevista em termos excecionais no Regime Geral de Prevenção e Gestão de Resíduos. Não é sequer uma solução inovadora. Este tipo de despacho de aterro já foi feito em altura da pandemia da covid-19 quando não havia capacidade de expedir resíduos”, destacou.Na visita, a responsável pelo CRP das Flores, Nânci Nunes, alertou para as dificuldades em garantir o “normal funcionamento” do centro.“Cada vez mais temos más condições de trabalho tendo em conta o que tem vindo a acontecer. Desde de fevereiro que não sai refugo. Desde fevereiro que temos dificuldades em garantir o funcionamento normal das instalações. Bem-vindos ao nosso problema”, avisou, logo no início da visita.A 18 de maio, os presidentes das câmaras de Santa Cruz e das Lajes, nas Flores, pediram viagens mais regulares para conseguir escoar os resíduos acumulados na ilha, de forma a assegurar a operação durante a época alta.