Governo dos Açores acusa PSD de defender privatização de 51% da SATA
27 de nov. de 2018, 16:08
— Lusa/AO Online
“Que
razões estão por detrás de um partido político, que se diz o maior
partido da oposição, que até a um determinado momento dizia: nós
defendemos que se deve vender 49% da Azores Airlines e não se deve tocar
na SATA Air Açores? Por que razão é que repentinamente esse partido
passa a dizer o seguinte: os açorianos devem prescindir de terem a
maioria para mandar no capital da SATA Internacional e devem prescindir
de 49% de SATA Air Açores?”, adiantou.Vasco
Cordeiro falava na Assembleia Legislativa dos Açores, na Horta,
durante a discussão da proposta de Plano e Orçamento da Região para
2019, em reação a declarações do líder do PSD/Açores, Alexandre
Gaudêncio, na semana passada, à saída de um encontro com o presidente da
Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Mário Fortuna.Questionado
sobre uma proposta dos empresários micaelenses para que o executivo
açoriano privatizasse 51% da Azores Airlines e 49% da SATA Air Açores,
que assegura as ligações inter-ilhas, o social-democrata admitiu avaliar
essa hipótese.“Não
merece o nosso repúdio. É uma proposta a avaliar, mas numa primeira
análise parece-nos positivo. Da parte do PSD/Açores estamos disponíveis
para consensos e para arranjar soluções”, avançou Alexandre Gaudêncio.Vasco
Cordeiro salientou que o ex-líder social-democrata e deputado regional,
Duarte Freitas, defendeu há não muito tempo que se deveria privatizar
apenas 49% da Azores Airlines e que a SATA Air Açores deveria continuar
100% pública, por isso perguntou ao maior partido da oposição o que
mudou no espaço de um mês.“A
mando de quem já se percebeu, basta ver a notícia, mas porquê? O que é
que os senhores sabem que nós não sabemos e que mais nenhum dos
açorianos sabe, para defender que aquilo que era verdade com a venda de
49% agora deve ser 51%? Nós devemos dar o controle sobre a Azores
Airlines a um privado?”, questionou.Em
resposta, o novo líder da bancada parlamentar do PSD, Luís Maurício,
disse que o presidente do partido “não se comprometeu” com a proposta da
Câmara de Comércio de Ponta Delgada, defendeu apenas que deveria ser
considerada com vista à “salvação da SATA”.“Aquela
proposta não é a proposta do PSD, é uma proposta que o PSD considerou
como válida analisar como qualquer outra proposta que outros parceiros e
outras entidades venham a apresentar, com o único objetivo que a SATA
seja salva, porque a continuar como está a SATA vai fechar as portas”,
frisou.Questionado
sobre o que mudou no último mês, Luís Maurício destacou a anulação do
concurso da privatização de 49% da Azores Airlines, anunciado pelo
executivo açoriano no início de novembro, na sequência da divulgação de
documentos confidenciais.“Aquilo
que mudou na SATA, para além do reconhecimento da sua falência, foi o
reconhecimento de que afinal ninguém estava interessado na SATA e que
houve um concurso para a alienação de 49% da SATA Internacional que
ficou vazio”, afirmou.Segundo
notícias da RTP/Açores, que citavam documentos privados da comissão de
inquérito do parlamento açoriano ao setor empresarial público, não havia
uma proposta formal apresentada pelos islandeses da Icelandair, única
entidade qualificada para a segunda fase da alienação, mas sim o intuito
de abrir um período de negociações com a SATA.Questionado
pelo PSD e pelo PPM sobre o processo de privatização da companhia aérea
açoriana, o presidente do Governo Regional disse que não era isso que
estava a ser discutido no parlamento.“O PSD sabe muito bem o que aconteceu com o concurso”, rematou.