Governo do Japão diz que saúde fiscal do país sofre deterioração sem precedentes
23 de jan. de 2023, 12:36
— Lusa/AO Online
A Confederação de Sindicatos do país pediu aumentos de 5%, o valor mais elevado dos últimos 28 anos.Na
primeira intervenção parlamentar do ano, o ministro das Finanças
destacou a "necessidade de garantir uma situação fiscal capaz de evitar a
credibilidade do país e o bem-estar dos cidadãos"."Após
as ações em relação à pandemia do novo coronavírus e dos acordos sobre
orçamentos suplementares, enfrentamos uma situação fiscal que se agrava e
que cresce para níveis sem precedentes", disse o responsável pelas
Finanças sobre a pressão que enfrentam as contas públicas japonesas. Mesmo
assim, Suzuki assinalou que a política do Governo liderado por
Fumio Kishida está concentrada na promoção da revitalização económica
"robusta", antes de novas medidas de ajustes fiscais. O
executivo prevê aprovar um orçamento de 806.000 milhões de euros em
abril e que incluiu tranches adicionais para a mitigação dos custos com
matérias-primas e energia.O orçamento
também incluiu um aumento dos gastos no setor da Defesa de cerca de 2%
do Produto Interno Bruto (PIB), ficando ao mesmo nível dos países da
Aliança Atlântica.A dívida pública do
Japão é a maior entre os membros do Grupo dos Sete Países mais
Desenvolvidos (G7), situando-se em 265,5% em 2021, de acordo com os
dados do Fundo Monetário Internacional. A
maior parte dos fundos de dívida do país (51%) são detidos pelo Banco
Central do Japão, mas a entidade encontra-se sob crescente pressão dos
mercados para aumentar as taxas de juro de referência. No mesmo discurso, Suzuki disse que o Governo mantém como objetivo alcançar em 2025 o equilíbrio das contas públicas. Por
outro lado, a Confederação de Sindicatos do Japão (RENGO) pediu hoje
uma subida de 5% dos salários, o valor mais elevado exigido pelos
trabalhadores nos últimos 28 anos.Hoje começaram as negociações entre a RENGO e associações patronais. A
confederação pede que mais de metade deste valor (05%) seja incluído no
aumento salarial básico e a restante parte em aumentos anuais com base
na antiguidade, para fazer face ao aumento da inflação que afeta a
terceira economia mundial. Para a
responsável pelos grupos sindicais, Tomoko Yoshino, estes aumentos podem
servir para aliviar as consequências da pandemia e a inflação
assinalando que 2023 deve ser "o ano que representa um ponto de inflexão
para mudar o futuro do Japão". Masakazu
Tokura, presidente da Federação Empresarial do Japão (Keidanren) disse
estar de acordo com a sugestão dos sindicatos e apelou, por isso, aos
responsáveis pelas diferentes empresas para, desta forma, "darem
resposta à subida dos preços, cumprindo as responsabilidade sociais". O índice de preços do consumo subiu 2,3% no Japão, devido ao aumento dos custos energéticos e das matérias-primas. O
primeiro-ministro, disse, a este propósito no Parlamento de Tóquio que a
expansão salarial é a chave para vencer o "círculo" da redistribuição
dos lucros empresariais e "estimular o gasto dos consumidores". A
apresentação formal das exigências sindicais deve ser exposta em
fevereiro aguardando-se uma resposta final durante o mês de março.