Governo do Açores pagou dívida de 25 ME na Saúde e prepara-se para saldar outro tanto
30 de set. de 2021, 16:31
— Lusa/AO Online
A informação foi prestada por
Clélio Meneses na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, reunida
desde terça-feira na Horta, na sequência de uma interpelação sobre o
Serviço Regional de Saúde (SRS) feita pelo grupo parlamentar do BE, e
depois de Pedro Neves, do PAN, questionar o ponto de situação sobre a
dívida hospitalar “escandalosa” na região.O
secretário Regional da Saúde indicou ainda que os exames complementares
de diagnóstico prescritos por médicos de centros de saúde vão passar a
poder ser feitos nos hospitais, corrigindo “uma injustiça” existente na
região.Para António Lima, do BE, “a cereja
em cima do bolo” da “promiscuidade entre cargos e pessoas” é a
“portaria de meios complementares de diagnóstico e terapêutica da
Secretaria Regional”, que “coloca os meios do SRS ao serviço do setor
privado, mediante pagamento”.“Quem nos
garante que os doentes que pagam as consultas no privado não serão
privilegiados no acesso aos meios de diagnóstico do SRS em relação
àqueles que não têm outra saída que não estar nas listas de espera do
serviço público?”, questionou.Paulo Estêvão, do PPM, perguntou se “está lá escrito que utentes que pagam ficam à espera dos outros”.“Se não está lá escrito, não pode tirar conclusões absurdas”, criticou.O
secretário regional da Saúde, que lamentou a “suspeição” deixada pela
intervenção do BE, informou que “vão ser contratados” 24 médicos de
medicina geral familiar.Clélio Meneses
destacou que “este governo já contratou, ou autorizou contratar, 622
profissionais de saúde”, designadamente 98 enfermeiros e 84 médicos.Nas
ilhas sem hospital, os mais vulneráveis que ficam tempos e tempos a
espera de consultas de especialista – foram feitas 6.255 consultas de
especialidade, acrescentou.“Em 2020 foram
realizadas metade. Em 2019 foram realizadas 5.089. Menos mil do que as
feitas este ano, em plena pandemia”, destacou.Quanto a listas de espera, disse estar a ser “feito um esforço imenso” para as resolver.“O
que este Governo está a fazer é um reforço do SRS. Em recursos humanos,
financeiros, equipamentos e obras. Para este Governo, a Saúde deve ser
integrada para dar a melhor resposta ao utente. É importante inverter o
paradigma para promovermos a prevenção, a proximidade, promover a saúde,
prevenindo-a”, frisou. Por seu lado, o
deputado do PS, Tiago Lopes, considerou que o Governo não respondeu às
questões colocadas e frisou que, em agosto, “operou-se menos do que em
julho e aumentou o tempo de espera para cirurgias”, referindo o
“inexplicável cancelamento” de duas mil este ano.“Saia
do seu gabinete, ouça os médicos do HDES [Hospital do Divino Espírito
Santo, em Ponta Delgada]”, disse, dirigindo-se a Clélio Meneses.António Lima, do BE, quis ter perspetivas sobre o orçamento da região, que deverá ser discutido em plenário no mês de novembro.“Quando
o senhor presidente do Governo informa os partidos que o orçamento do
próximo ano vai sofrer um corte, a pergunta que se coloca, senhor
secretário da Saúde, é se vai cumprir a promessa de acabar com a
suborçamentação?”, questionou.A pergunta
chegou a ser feita a Pedro Nascimento Cabral, do PSD, quando o Governo
já tinha esgotado o tempo regulamentar para intervir.O
social-democrata observou que anos e circunstâncias diferentes têm
orçamentos diferentes, destacando o papel do Governo na área da Saúde,
nomeadamente no combate à pandemia de Covid-19.Para o bloquista António Lima, o debate deixou “uma certeza”: a de que a Saúde “sofrerá cortes no seu orçamento”.O
deputado disse ainda que “o Governo assumiu, com todas as letras, que
abriu ao setor privado uma via para quem pode pagar e outra, mais longa,
para quem não pode”, lamentando que “a promiscuidade, a ilegalidade e o
nepotismo” sejam normais para o atual executivo.“O
BE vai apresentar uma proposta de adaptação do SRS para ficar em
consonância com a última Lei de Bases da Saúde. É preciso alterar muita
coisa na Saúde, começaremos por alterar o estatuto”, afirmou.Num
contra-protesto, o vice-presidente do Governo, Artur Lima, do CDS-PP,
acusou o bloquista de “política baixa, encomendada” para “insultar,
insinuar e difamar”.