Governo disponível para discutir férias e subsídio de refeição da função pública
17 de fev. de 2020, 13:03
— Lusa/AO Online
“A
abertura que o Governo mostrou foi de voltarmos na quarta-feira para
discutirmos a plurianualidade dos aumentos salariais, o aumento do
subsídio de refeição e a reposição dos dias de férias”, referiu José
Abraão, no final de uma reunião com o secretário de Estado da
Administração Pública.O Governo convocou
para hoje uma nova ronda negocial com as estruturas sindicais da
administração pública, tendo mostrado disponibilidade para melhorar a
proposta apresentada na semana passada que, além do aumento de 0,3% para
a generalidade dos funcionários públicos, avançava com um aumento
reforçado de sete euros para os funcionários públicos que estão
posicionados entre as remunerações de nível 4 e as de nível 5 da Tabela
Remuneratória Única (TRU). Lembrando os
cinco pontos em que assenta a contraproposta da Fesap e que são a
disponibilidade para negociar aumentos salariais num quadro plurianual –
até 2021 -, a reposição do modelo de férias retirado durante a
'troika', o aumento do subsídio de refeição dos atuais 4,77 euros para 6
euros, a restituição dos pontos de avaliação dos assistentes
operacionais e a contagem do tempo de serviço do período do congelamento
relativamente a quase duas dezenas de carreiras, José Abraão salientou
que o Governo se mostrou disponível para discutir as três primeiras,
deixando de fora os relativos à questão dos pontos e da contagem do
tempo das carreiras em causa.“Veremos na
quarta-feira até que ponto o Governo vai, dentro da margem que diz que
tem”, referiu o dirigente sindical, acentuando que a ordem de grandeza
dessa margem não foi abordada no encontro de hoje, estando, por isso, na
expectativa para ver qual a resposta que será dada.
“A bola está do lado do Governo e quando conhecermos as propostas
tomaremos uma posição”, afirmou ainda José Abraão, sinalizando que a
Fesap não aceita o aumento de 0,3% e considera também “muito
complicadas” propostas de aumento diferenciadas como a que contempla o
acréscimo de sete euros para os funcionários públicos que atualmente
ganham até 683,13 euros por mês.Questionado
sobre se a disponibilidade manifestada pelo Governo para negociar os
aumentos salariais no quadro plurianual, dias de férias e subsídio de
refeição poderá ter efeitos ainda em 2020, José Abraão afirmou não ter
garantias nesse sentido, já que a resposta foi remetida para a próxima
quarta-feira.“Não posso responder a essa
pergunta. Estamos dispostos a negociar num quadro plurianual. A bola
está do lado do Governo”, precisou.José
Abraão revelou algum ceticismo quanto à possibilidade de chegar a acordo
com o Governo perante a indisponibilidade manifestada em negociar a
questão da reposição dos pontos e da recuperação do tempo de serviço nas
carreiras onde houve congelamento.Na
quarta-feira à noite, no programa da RTP Grande Entrevista, a ministra
da Modernização Administrativa e da Administração Pública, Alexandra
Leitão, precisou que “neste momento, os 0,3% são um ponto fechado, mas
pode haver outras vantagens”.Questionada
sobre se a questão das férias poderá estar entre outras medidas
negociadas além dos aumentos salariais, Alexandra Leitão não afastou a
hipótese, respondendo que esse poderá ser um exemplo. Na ocasião, a ministra manifestou-se otimista quanto a um acordo com os sindicatos.No
Relatório que acompanha a proposta de Orçamento do Estado para 2020, o
Governo compromete-se com aumentos de pelo menos 1% na função pública.