Governo deixa cair aumento do valor das horas extra da Agenda do Trabalho Digno
25 de mai. de 2022, 11:40
— Lusa/AO Online
“Essa
medida será discutida no âmbito do acordo de rendimentos”, disse fonte oficial do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança
Social aos jornalistas, à margem da reunião da Concertação Social, que
decorre em Lisboa.Em causa está a
alteração dos valores de pagamento de horas extraordinárias a partir das
120 horas anuais, com um aumento de 25% para 50% na primeira hora extra
em dias úteis e de 37,5% para 75% a partir da segunda hora, passando
ainda de 50% para 100% nos dias de descanso e feriados.A
medida já tinha sido aprovada em Conselho de Ministros em outubro e na
altura motivou críticas das confederações patronais, que suspenderam a
sua presença nas reuniões da Concertação Social, indicando que esta era
uma das medidas não tinha sido discutida com os parceiros, mas que fazia
parte das negociações no parlamento com vista à viabilização do
Orçamento do Estado para 2022, que acabou chumbado.O
aumento do valor das horas extraordinárias, assim como o alargamento
das compensações por despedimento nos contratos a termo, medidas que não
foram discutidas na Concertação Social na anterior legislatura, foram
apresentados pelo Governo no passado dia 11 aos parceiros sociais no
âmbito da Agenda do Trabalho Digno.No
final da reunião, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança
Social, Ana Mendes Godinho, reafirmou que tem como "grande objetivo
concluir rapidamente" a Agenda do Trabalho Digno.Quanto ao acordo de rendimentos e competitividade, o Governo adiou entretanto a conclusão do documento para outubro.O
documento da Agenda do Trabalho Digno distribuído hoje pelo Governo na
Concertação Social integra 70 medidas que já tinham sido aprovadas na
anterior legislatura, mas que terão agora de ir novamente a Conselho de
Ministros, antes de entrarem no parlamento. No
documento, o Governo mantém o alargamento da compensação para 24 dias
por ano em caso de cessação de contrato a termo ou termo incerto, outra
das medidas que não foram discutidas na anterior legislatura com os
parceiros sociais e que geraram críticas das confederações patronais. A
redução do número máximo de renovações dos contratos de trabalho
temporário de seis para quatro é outras das medidas previstas na Agenda
do Trabalho Digno.O documento prevê ainda
uma medida para "impedir temporariamente" o recurso a 'outsourcing' após
um despedimento coletivo ou por extinção do posto de trabalho.Outra
medida prevista é o reforço dos poderes da Autoridade para as Condições
de Trabalho (ACT) "quando se verifiquem despedimentos com indícios de
ilicitude, notificando o empregador para regularizar a situação ou, na
sua falta, participar os factos aos serviços do Ministério Público,
tendo em vista instaurar procedimento cautelar de suspensão de
despedimento".