Governo defende que “não há sobreposição” entre funções de Sérgio Figueiredo e outros serviços do Estado
11 de ago. de 2022, 13:46
— Lusa/AO Online
No ‘briefing’
do Conselho de Ministros, o secretário de Estado da Presidência do
Conselho de Ministros, André Moz Caldas, foi questionado se era
necessário o Ministério das Finanças contratar o ex-administrador da
Fundação EDP Sérgio Figueiredo como consultor estratégico, tendo em
conta que o Centro de Competências de Planeamento, Políticas e
Prospetiva da Administração Pública (PlanAPP), criado em 2021,
desempenha as mesmas funções. Na resposta,
André Moz Caldas sublinhou que o centro de competências em questão “foi
implementado, está a funcionar, ocupa-se das matérias de planeamento
estratégico, prospetiva e avaliação de políticas públicas em geral, no
contexto da administração, muito particularmente no que diz respeito à
elaboração de grandes documentos de estratégia, como são as grandes
opções ou como é o programa nacional de reformas no âmbito do Semestre
Europeu”. O secretário de Estado destacou
ainda que o PlanAPP “coordena uma rede de planeamento, a chamada REPLAN,
que reúne o conjunto das entidades, organismos ou representantes
setoriais em matéria de planeamento, prospetiva e avaliação de políticas
públicas que existam nas demais áreas governativas”.“O
que significa que a criação do PlanAPP não esgota a possibilidade de
haver a possibilidade de haver atividade nestes domínios, a nível
setorial, em cada uma das áreas governativas, e, portanto, não há
necessariamente uma sobreposição nas atividades desse serviço e de
quaisquer representantes setoriais nesta matéria, ou colaboradores das
diversas áreas governativas nas mesmas áreas”, referiu. Questionado
se, perante os apelos que têm sido feitos, o contrato de Sérgio
Figueiredo deve ser fiscalizado pelo Tribunal de Contas, Moz Caldas
respondeu que “obviamente estão preservadas todas as competências do
Tribunal de Contas, e de outras instituições de controlo”. “No
caso do Tribunal de Contas, no domínio da fiscalização concomitante e
sucessiva, que podem ser em permanência exercidas sobre este e qualquer
contrato que seja celebrado por gabinetes ministeriais, ou gabinetes da
administração pública. Portanto, essas competências estão inteiramente
preservadas", sublinhou. Interrogado se o
Governo irá tomar a iniciativa para pedir essa fiscalização, Moz Caldas
respondeu: “Se o Governo tomará iniciativa ou não nesta matéria, é uma
questão que não está suficientemente ponderada ainda, e que não cabe à
dimensão colegial da ação colegial do Governo e, portanto, não me
compete a mim responder-lhe”. Questionado
novamente se, uma vez que essa fiscalização não depende da ação colegial
do Governo, deveria ser o Ministério das Finanças a pedi-la, Moz Caldas
respondeu que “tipicamente, a ação do Tribunal de Contas não é feito a
pedido”. “Portanto, parece-me que seria
muito extemporâneo estar a elaborar sobre essa matéria. O Tribunal é
competente, terá a ação que entender e deve fazê-lo livre de quaisquer
interferências de quem quer que seja”, referiu.O
jornal Público noticiou na terça-feira que o Ministério das Finanças
contratou o antigo diretor de informação da TVI e ex-administrador da
Fundação EDP Sérgio Figueiredo como consultor estratégico para fazer a
avaliação e monitorização do impacto das políticas públicas.Segundo
o jornal, o contrato em questão é por ajuste direto e Sérgio Figueiredo
irá auferir um ordenado ilíquido equivalente ao vencimento mensal de um
ministro, correspondendo a 4.767 euros. Sérgio Figueiredo terá começado
a desempenhar as suas funções a 29 de julho.Na
edição de hoje, o jornal Público indica que, segundo a minuta do
contrato de Sérgio Figueiredo divulgada pelo ministério das Finanças, o
ex-administrador irá receber 139.990 euros brutos durante dois anos, o
que equivale a 5.832 mensais, superiores, portanto, aos 4.767
inicialmente noticiados. Ao Público, o
ministério tutelado por Fernando Medina confirmou a contratação de
Sérgio Figueiredo, afirmando que o antigo jornalista irá “prestar
serviços de consultoria no desenho, implementação e acompanhamento de
políticas públicas, incluindo a auscultação de partes interessadas na
economia portuguesa e a avaliação e monitorização dessas mesmas
políticas”. O jornal avançou ainda que o
contrato de Sérgio Figueiredo terá uma duração de dois anos e o antigo
jornalista irá “ajudar a conceber e desenhar as políticas públicas do
ministério de Fernando Medina, mas também monitorizar a sua execução e a
perceção, em tempo real, que têm delas as partes interessadas”. Nascido
em 1966, Sérgio Figueiredo já foi diretor do Diário Económico e do
Jornal de Negócios, tendo também trabalhado para o canal televisivo
RTP2. Entre 2007 e 2014 foi diretor da Fundação EDP e, entre 2015 e
2020, foi diretor de informação da TVI.