Governo decreta serviços mínimos para greve na Ryanair que abrangem ilhas e cidades europeias
19 de ago. de 2019, 17:46
— Lusa/AO Online
Num despacho, com data de
16 de agosto e assinado pelos secretários de Estado Alberto Souto de
Miranda (Infraestruturas e Comunicações) e Miguel Cabrita (Emprego),
fica estabelecido que nos dias em que foi convocada a paralisação pelo
Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) os
trabalhadores ficam obrigados a prestar serviço em vários voos. Assim,
os serviços mínimos incluem um voo diário de ida e volta entre Lisboa e
Paris; entre Lisboa e Berlim; entre Porto e Colónia; entre Lisboa e
Londres; entre Lisboa e Ponta Delgada, bem como uma ligação de ida e
volta entre Lisboa e a Ilha Terceira (Lajes), nos dias 21, 23 e 25 de
agosto.“Os meios humanos” para levar a
cabo estes serviços serão “designados pelos sindicato que declarou a
greve, até 24 horas antes do início do período de greve ou, se este não o
fizer, deve o empregador proceder a essa designação”, determina o
despacho.O diploma justifica, em vários
pontos, a determinação destes serviços mínimos, começando pela “duração
relativamente longa da greve (cinco dias)”, pela “estação do ano
abrangida – verão – em que se verifica um crescimento considerável da
procura do transporte aéreo, que os cidadãos e cidadãs cada vez
consideram mais imprescindível” e também pelo facto de ser importante
"evitar o aglomerado de passageiros nos aeroportos nacionais durante os
meses de verão, dado que tal pode potenciar riscos para a segurança de
pessoas e bens”. O despacho destaca ainda
“o facto de para os portugueses residentes no Açores e na Madeira o
transporte aéreo ser a única forma de garantir o direito à deslocação de
uma forma célere e eficiente”, “de existirem em Inglaterra, França e
Alemanha significativas comunidades de emigrantes cidadãos portugueses
deslocados, para quem agosto é tipicamente o mês eleito para visitar as
suas famílias em Portugal”, e de “Portugal ser cada vez mais um destino
de eleição para os turistas europeus, com particular enfoque na época
estival”, para a decisão. De acordo com o
mesmo despacho, “não houve acordo sobre a definição dos serviços
mínimos” e, por isso, “o serviço competente do Ministério do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social convocou uma reunião entre a referida
associação sindical e os representantes das empresas, tendo em vista a
negociação de acordo sobre os serviços mínimos a prestar e os meios
necessários para os assegurar”, mas tal não foi possível. Coube assim às tutelas laboral e do setor em causa definir estes serviços. O
SNPVAC adiantou, em 01 de agosto, que o pré-aviso de greve abrange
todos os voos da Ryanair cujas horas de apresentação ocorram entre as
00:00 e as 23:59 dos dias previstos para a paralisação (tendo por
referência as horas locais) e os serviços de assistência ou qualquer
outra tarefa no solo.Na base deste
pré-aviso de greve está, segundo referiu o SNPVAC em comunicado nessa
altura, o facto de a Ryanair continuar a “incumprir com as regras
impostas pela legislação portuguesa, nomeadamente no que respeita ao
pagamento dos subsídios de férias e de Natal, ao número de dias de
férias e à integração no quadro de pessoal dos tripulantes de cabine
contratados através das agências Crewlink e Workforce”.